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Feijão Enriquecido com Ferro na Prevenção de Anemia em Pré Escolares
 
A anemia ferropriva consiste em grave e freqüente carência do mineral ferro, sendo que a fortificação alimentar é considerada medida preventiva. A utilização de alimentos de uso diário, componentes da cesta básica, pode facilitar os programas de saúde pública. O objetivo do presente estudo foi o de verificar os efeitos da fortificação alimentar de feijão desidratado enriquecido ou não com pirofosfato de ferro, em crianças na faixa etária entre 2 a 5 anos.

Metodologia: foi realizada avaliação do estado nutricional, exames bioquímicos (hemoglobina e ferritina) e inquérito alimentar antes e após 4 meses de intervenção, em estudo duplo cego, um grupo recebendo feijão enriquecido e outro (controle) recebeu feijão desidratado em diferentes preparações, diariamente . Resultados: obteve-se melhora nos padrões antropométricos da amostra analisada, diminuição na prevalência de anemia através do aumento nos valores médios de hemoglobina e excelente aceitação do produto em toda a população.

O grupo experimento apresentou aumento significativo de 0,65g/dl de hemoglobina, com ausência de anemia ao final do estudo, enquanto que a porcentagem de redução de casos com deficiência de ferro alcançou 70%. O grupo controle mostrou diminuição da ferritina e aumento da hemoglobina de 0,5g/dl. Conclusões : Concluiu-se que o feijão desidratado pode ser um alimento adequado para a merenda escolar e o programa de fortificação alimentar com feijão enriquecido com ferro, demonstrou-se eficaz na prevenção da anemia ferropriva.

A anemia ferropriva consiste na mais grave e freqüente conseqüência da carência do mineral ferro (Fisberg & Braga, 1998). Acomete milhões de crianças em todo o mundo, levando a danos cerebrais irreversíveis, devido a profundos efeitos causados no sistema nervoso central, além da perda de produtividade (Bhargava et al., 2000).
Estudos da Organização Mundial de Saúde demostram uma prevalência mundial de anemia ferropriva em crianças e lactentes em torno de 36%. Estimativas da Organização Panamericana de Saúde, com base em dados regionais, apontam o Peru como o país de maior prevalência de anemia na América Latina e Caribe (57%), seguido pelo Brasil, onde 35% das crianças de 1 a 4 anos estão anêmicas , sendo quase 5 milhões (OPAS, 1997).

No Brasil, estudos setorizados revelam a evolução da prevalência de anemia ao longo dos anos. Salzano e colaboradores, 1985, estudando crianças com idade inferior a 24 meses em serviços ambulatoriais no Recife, constataram prevalência entre 41% e 77% de casos de anemia. Em Criciúma – SC, em trabalho realizado com 476 crianças, cuja faixa etária compreendia 6 a 35,9 meses, mostrou prevalência de 54% de anemia por deficiência de ferro (Neuman et al, 2000). Soares et al, 2000, registraram 60% de prevalência em crianças com idade inferior a 12 meses, pertencentes a bairros periféricos de Fortaleza.

No Estado de São Paulo, a anemia é a deficiência mais prevalente na população infantil, atingindo 50% das crianças entre 12 e 23 meses e 29%, entre menores de 1 ano (Monteiro et al, 2000). Em estudo realizado por Fisberg et al., 2001 em 10 capitais brasileiras, observou-se prevalência entre 29,5% e 49% de anemia ferropriva em crianças menores de 5 anos, com valores de hemoglobina inferiores a 11g/dl e 19,5% de casos severos, com valores de hemoglobina sérica inferiores a 9,5 g/dl. A amostra total analisada compreendeu 2.223 crianças e teve como resultado final a prevalência nacional de 54%, com dados de maior prevalência na região sudeste (53,7%) seguido da região sul (52,7%), nordeste (44.5%) e norte (34,35%).

A anemia ferropriva pode ser definida como a diminuição anormal na concentração de hemoglobina no sangue. Podemos caracterizá-la por intermédio de exames laboratoriais quando estes apresentarem redução nos níveis de hemoglobina sérica a valores inferiores a 11mg/dl (CDC, 1998), e hematócrito abaixo de 2 desvios padrão da referência considerada adequada (Fisberg & Braga,1998).

Podemos citar, resumidamente, que em crianças com idade inferior a 3 anos, esta deficiência se deve em grande parte, ao aporte inadequado deste mineral, baixa biodisponibilidade do ferro e aumento do requerimento devido as necessidades do crescimento acelerado no primeiro ano de vida (Cunningham et al, 2001). Portanto, a melhor estratégia para a sua prevenção fundamenta-se na prática do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, seguido do adequado processo de desmame, envolvendo alimentos que sejam fonte deste mineral (CDC, 1998).

Alguns instrumentos devem ser utilizados para assegurar a ingestão nutricional adequada de ferro a população geral ou grupos populacionais de risco como crianças, adolescentes, gestantes, nutrizes e idosos (Blumberg et al., 1997; Hecberg et al, 1998), compreendendo política adequada de alimentação e nutrição, educação nutricional, utilização de suplementos ou fortificação de alimentos (Torres et al, 2000; Berner et al., 2001; Majem, 2001; Kaluski et al., 2000; Bloem et al., 2001; Sari et al., 2001).

A fortificação alimentar pode ser considerada uma alternativa de intervenção no combate a carências de micronutrientes, entre eles o ferro. Esta medida é descrita como uma estratégia adotada em países desenvolvidos ou mesmo em desenvolvimento. Segundo Torres et al, 2000, trata-se de uma medida, capaz de atingir vários extratos populacionais sem exigir cooperação do beneficiário, além de ser uma medida barata e efetiva a curto, médio e longo prazo.

Em países desenvolvidos a farinha de trigo tem sido fortificada com sucesso. Na América Latina e Caribe, os cereais de milho, farinhas e o amido de milho, são veículos de consumo popular, sendo alvos da fortificação alimentar. O açúcar fortificado também obteve resultados adequados no Caribe, encorajando a América Central a utilizá–lo como matéria prima para a fortificação de ferro e vitamina A (Sivakumar, et al, 2001).

Na Indonésia, os programas de combate a deficiência de micronutrientes iniciou-se em 1970 e alguns alimentos como sal de cozinha e leite foram fortificados (Boonstra et al, 2000). Na Venezuela, desde janeiro de 1993, um dos alimentos mais consumidos pela população, a farinha de milho pré-cozida, está sendo fortificada com vitamina A, tiamina, riboflavina, niacina e ferro, obrigatoriamente desde agosto de 93 (Chaves, 1993).

No Brasil, alguns trabalhos foram desenvolvidos utilizando-se alimentos popularmente consumidos, com o objetivo de desenvolver alternativas de baixo custo e boa aceitação. Em 1992, Nogueira e colaboradores, utilizaram o sangue bovino na fortificação de biscoitos. Em 1993 Dutra, fortificou com sulfato ferroso, a água destinada à crianças freqüentadoras de uma creche. Paula (1999), em seu estudo, utilizou o açúcar refinado, em diferentes concentrações de ferro, tendo como resultado final boa evolução na melhoria da anemia ferropriva. Fisberg el al., 2002 utilizaram o leite destinado a merenda escolar de duas escolas de São Paulo como veículo de fortificação alimentar.


Em dezembro de 2002, a Anvisa por meio da resolução n° 344, tornou-se obrigatória a fortificação da farinha de trigo e de milho com ferro e ácido fólico no combate a anemia e outras deficiências. O objetivo deste trabalho é verificar os efeitos da fortificação alimentar com sal de ferro, em crianças na faixa etária entre 2 a 5 anos, matriculadas em creches do município de São Paulo.
 

 
Autores
 
Dra. Adriana Martins Lima
Nutricionista, especialista pelo Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente – Unifesp/EPM.
Dra. Claudia Naufel
Pediatra, especialista em hematologia.
Dra. Cristiane Rodrigues
Nutricionista, especialista em Nutrição Clinica pelo Centro Universitário São Camilo.
Dra. Samantha Ottani Rhein
Nutricionista, especialista pelo Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente. Pós Graduanda pelo Departamento de Pediatria – Unifesp – EPM.
Dra. Sonia de Oliveira
Nutricionista da Pink Alimentos do Brasil.
Prof. Dr. Mauro Fisberg
Pediatra e Nutrologo do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo.

 
Os autores estão em ordem alfabética.

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mar/Abr/2003
 
 

 
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