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Importância da Terapia Nutricional especializada na cicatrização das úlceras de decúbito
 
As úlceras de decúbito, também conhecidas como úlceras de pressão ou popularmente escaras, constituem uma grande preocupação dos profissionais de saúde. Podem ser definidas como a lesão causada pela constante pressão exercida em um determinado ponto do corpo.

Esta pressão pode ser produzida pelas forças de compressão, atrito ou cisalhamento, afetando geralmente regiões onde existe uma saliência óssea. Shea em 1975, propôs um método de classificação para as úlceras de decúbito com base no comprometimento tecidual. Esta escala foi atualizada e pode ser descrita em quatro estágios de progressiva gravidade, iniciando apenas com um eritema em pele íntegra no estágio I, evoluindo até o comprometimento total da pele, atingindo ossos, músculos e tendões no estágio IV.

Em um levantamento realizado em 1993 por Meehan, observou-se uma prevalência de 11,1% de úlceras de decúbito dentre os pacientes avaliados em 177 hospitais. Em uma análise prospectiva feita em idosos admitidos em 51 empresas de assistência domiciliar, 11,3% já apresentavam úlceras entre os estágios II e IV. Entre os que não apresentavam alterações na admissão, um ano após detectou-se uma incidência de 13,2%. A incidência de escaras em idosos com fratura de fêmur sobe para 66% e para 33% em pacientes críticos (6).

Infelizmente, este é um problema de grande abrangência, que pode afetar tanto pacientes hospitalizados como os domiciliares, de todas as idades, classes sociais e raças (9), causando dor, piora da qualidade de vida, maior tempo de internação, elevado risco de infecção e aumento dos custos.

Os indivíduos com úlceras de decúbito exigem especial atenção da enfermagem, através das mudanças de decúbito, massagens de conforto e curativos, além dos cuidados médicos, como cirurgias plásticas, debridamentos e medicamentos. Porém, é o aspecto nutricional que tem recentemente despertado a preocupação dos profissionais de saúde, em especial dos nutricionistas.

A desnutrição tem sido apontada como um dos principais fatores de risco no surgimento das úlceras de decúbito. Vários estudos relatam hipoalbuminemia, anemia, linfopenia, redução do Zinco sérico e do peso corporal em pacientes com escaras. O estudo de Guenter et al sugere que a maioria dos pacientes recém internados com úlceras de decúbito severas são desnutridos, e o uso de uma terapia nutricional agressiva é plenamente justificável.

O processo de cicatrização é a resposta dinâmica e imediata do organismo a uma lesão, com o intuito de restaurar a característica anatômica, estrutural e funcional do tecido. Existem três fases neste processo, que exigem nutrientes específicos e um bom estado nutricional geral do indivíduo.

A fase inicial é chamada de inflamatória e caracteriza-se pela homeostase, coagulação, ativação da resposta imune local, fagocitose e a migração celular . A Vitamina K, proteínas e aminoácidos são fundamentais neste momento.
A fase de proliferação é marcada pelo intenso desenvolvimento das células epiteliais e fibroblastos, responsáveis pela produção do colágeno. Esta fase requer proteínas, aminoácidos, Vitamina C, Ferro, Zinco e Oxigênio disponíveis.

A terceira fase é a de remodelação, quando ocorre o processo de maturação e estabilização da síntese e degradação de colágeno, conferindo força tênsil á cicatriz. A nutrição adequada é um dos mais importantes aspectos para o sucesso do processo de cicatrização, pois a dinâmica da regeneração tecidual exige um bom estado nutricional do paciente e consome boa parte de suas reservas corporais. A recuperação nutricional pode trazer melhores resultados e redução no tempo de cicatrização.

Breslow et al constatou que dietas hiperprotéicas podem melhorar a cicatrização em pacientes desnutridos. Neste mesmo estudo a autora observou que os indivíduos com úlceras de decúbito necessitam de mais calorias que os paciente apenas acamados. A oferta de uma dieta hiperprotéica e hipercalórica viabilizou a cicatrização, porém não se constatou ganho de peso.

No estudo de Henderson observou-se que 65% dos pacientes com nutrição enteral prolongada apresentavam úlceras de decúbito. Apesar das fórmulas serem aparentemente adequadas, deficiências de micronutrientes e a desnutrição marasmática foram evidenciadas nestes pacientes, destacando a necessidade de uma terapia nutricional focada nas características desta população.

Pacientes idosos com úlceras crônicas em membros inferiores avaliados por Rojas e Phillips confirmaram as evidências anteriores, pois apresentavam baixos níveis de Vitamina A e E, Carotenos e Zinco, mostrando que deficiências nutricionais ou o consumo aumentado destes elementos podem influenciar a cicatrização.

Estes estudos deixam evidente a necessidade de uma terapia nutricional específica, viabilizando o processo de cicatrização, recuperando ou mantendo o estado nutricional do paciente e combatendo a formação dos radicais livres.
 

 
Autor
 
Dra. Telma Theodoro de Souza
Nutricionista pela Universidade de São Paulo com Especialização em Nutrição e Cicatrização pela Sociedade Americana de Nutrição (ASPEN), Assessora Científica da Support Produtos Nutricionais Ltda.

 
Os autores estão em ordem alfabética.

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mar/Abr/2001
 
 

 
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