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Imunologia da Mucosa Intestinal – Uma Nova Abordagem Funcional e Terapêutica do Trato Gastrointestinal.
 
A homeostasia da mucosa intestinal depende do equilíbrio entre suas funções metabólicas e seu perfil imune. Além de local de digestão e absorção de nutrientes o trato gastrointestinal é a principal superfície de contato com o meio externo, sendo revestido por uma mucosa de grande permeabilidade. Acredita-se que seu perfil de resposta imune típico seja Th2 com produção de IgA.

As interações entre linfócitos T e B, células epiteliais e células apresentadoras de antígenos (macrófagos e células dendríticas), levam a ocorrência de um fenômeno conhecido como tolerância oral. A quebra da tolerância oral parece estar relacionada com a indução e perpetuação de uma resposta inflamatória intestinal. Atualmente as patologias reconhecidas como Doenças Inflamatórias Intestinais são a Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn. A utilização da terapêutica nutricional na abordagem de tais patologias possui questões polemicas e envolvem dietas enterais poliméricas, oligoméricas e monoméricas, bem como nutrientes específicos como a glutamina, os ácidos graxos de cadeia curta e o ômega - 3.

A Mucosa Intestinal

Dentre as diversas funções do trato gastrointestinal a mais citada envolve seu papel e importância na digestão e absorção de nutrientes. Contudo a atividade linfocitária da mucosa do intestino delgado tem chamado a atenção, cada vez mais, de um grande número de imunologistas (Mayer 2000, Nagler-Anderson 2001, Strobel 1998, Johnson e Kudsk 1999).

É importante ressaltar que, ao contrário do que comumente pensamos, a maior superfície de contato do organismo com o meio externo não é a pele, mas sim as mucosas. Comparativamente, a mucosa do tubo digestivo apresenta uma área cerca de 150 a 300 vezes maior do que a área da pele - 150 a 200 m2 versus cerca de 2m2, respectivamente, em um ser humano adulto (Moog-1981).

Além desta diferença de área, as superfícies mucosas são mais permeáveis à entrada de antígenos do que a pele. Isto é explicado pela localização, estrutura e função desempenhada por estas diferentes superfícies corporais.
Assim, enquanto a pele está estruturada em camadas - epiderme (epitélio pavimentoso estratificado) e a derme (tecido conjuntivo) - resistentes às lesões químicas, físicas e biológicas e, portanto, funciona como uma barreira à entrada de elementos externos (Ross M. e Rowrell L. 1993), as mucosas digestivas absorvem diariamente as unidades estruturais das proteínas, lipídeos e carboidratos (aminoácidos, ácidos graxos e monossacarídeos) oriundas dos alimentos

A via ou forma como o antígeno entra no organismo determina, de uma certa maneira, o órgão linfóide com o qual ocorrerá o contato inicial. Assim, a entrada de um antígeno pelas vias intravenosa, subcutânea ou intraperitonial expõe o mesmo ao contato com o baço, os linfonodos periféricos e a cavidade peritoneal. Este contato inicial do antígeno com o organismo pode induzir, neste último, respostas imunes adaptativas e um status fisiológico denominado de memória imunológica.

Um contato posterior do organismo com o mesmo antígeno induz respostas imunes mais rápidas e mais intensas que, na maioria das vezes, culminam com o a eliminação do antígeno. A mucosa gastrointestinal constitui uma porta de entrada aos antígenos alimentares e às bactérias não patogênicas da microflora, que representam uma forte fonte de perturbação da atividade imunológica no organismo (Teixeira 1995). É também na mucosa que se localiza o maior número de macrófagos, polimorfonucleares, células dendrídicas, linfócitos T e linfócitos B, secretores de imunoglobulinas (Van der Heidjen – 1987 e Nagler-Anderson 2001).

Se por um lado os antígenos que ganham o trato digestivo podem induzir alergias, na maioria das vezes, a penetração de antígenos pela mucosa digestiva não determina uma resposta imunológica clássica, mas sim o contrário, uma hiporesponsividade orgânica que foi denominada de tolerância oral (Teixeira 1995).

Diz-se que existe tolerância oral quando se verifica uma redução na resposta imunológica sistêmica, celular ou humoral, após o desafio antigênico por via parenteral com o antígeno que foi previamente administrado por via oral. A designação tolerância oral é, na realidade, imprópria, uma vez que o contato do antígeno com outras superfícies mucosas podem induzir o fenômeno, a exemplo, da intestinal e respiratória (Mowat 1987, Rios 1988).

A resposta metabólica inicial ocorre devido ao mecanismo de proteção do organismo contra o dano tecidual. No entanto, se o mecanismo se prolonga, verifica-se ativação de eventos metabólicos que conduzem a significativa perda de massa magra corpórea com conseqüente balanço nitrogenado negativo (BN-).
 

 
Autor
 
Dra. Monique de Moraes Bitteti Pedruzzi
Nutricionista. Mestre em Patologia Experimental – Imunologia pela Universidade Federal Fluminense. Professora das Faculdades Integradas Bennett e Universidade Gama Filho.

 
Os autores estão em ordem alfabética.

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2002
 
 

 
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