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Obesidade e Proteínas Desacopladoras (UCPs)

A existência da proteína desacopladora (UCP ? uncoupling protein) é conhecida desde 1982 quando foi identificada por Bray no tecido adiposo marrom de roedores. Esse tecido é altamente vascularizado e rico em mitocôndrias e citocromos, de onde vem sua coloração e seu nome. A função da UCP foi bem descrita por Nicholls & Locke como sendo a geração de calor, por isso recebeu o nome de termogenina. A UCP está localizada na membrana interna da mitocôndria e seu mecanismo de ação é desacoplar a fosforilação oxidativa da molécula de ADP.

Basicamente, no processo de síntese de ATP ocorrem os seguintes passos: os elétrons que passam pela cadeia de transporte de elétrons e atravessam a membrana interna da mitocôndria (devido à concentração maior na matrix) ficando no espaço intermembranas; em seguida esses elétrons retornam para a matrix mitocondrial passando por proteínas ATP-sintetases que utilizam a energia para síntese do ATP a partir do ADP e Pi. Como já mencionado, a UCP está localizada na membrana interna e, quando estimulada, serve como um canal alternativo para que os elétrons atravessem de volta para matrix.

Nessa processo a energia não é aproveitada para a fosforiação do ADP, gerando apenas calor Em roedores, a UCP é estimulada em duas situações que ativam o sistema nervoso simpático: quando são expostos a baixas temperaturas e quando consomem uma quantidade calórica acima das necessidades. No primeiro caso, a geração extra de calor se presta a manter a temperatura corporal e, no segundo é uma forma de gastar a energia em excesso para manter o balanço energético.

Portanto, nestes animais a termogênese do tecido adiposo marrom desempenha um papel crítico tanto na termoregulação como na manutenção do peso corporal. Em 1997, duas novas isoformas dessa proteínas foram identificadas por Fleury et al. e Boss et al., UCP2 e UCP3, respectivamente. Como conseqüência, a primeira UCP que havia sido identificada no tecido adiposo marrom passou a ser denominada de UCP1. A UCP2 pode ser encontrada nos mais variados tipos de tecidos, incluindo o tecido adiposo branco, enquanto a UCP3 é encontrada apenas nos músculos esqueléticos.

Devido ao fato da UCP funcionar consumindo os estoques de energia e liberando calor, essa descoberta de sua presença em uma grande variedade de tecidos, além do tecido adiposo marrom (que é insignificante em humanos adultos), trouxe grandes perspectivas em relação ao seu possível papel na etiologia da obesidade. Alguns pesquisadores propõe que a UCP funcione como um ciclo fútil de prótons, pois como há diminuição da eficiência de síntese de ATP, ocorre aumento do catabolismo dos nutrientes como forma de manter a repleção do ATP. Lentes et al. acreditam que a UCP2, devido a sua ampla distribuição em vários tecidos, pode ter um papel muito importante na determinação da taxa metabólica basal.

Autor

Dr. Jair Rodrigues Garcia Júnior Licenciado em Educação Física, Fac. Ciências - UNESP Mestrado em Ciências Nutricionais, Fac. Ciências Farmacêuticas - UNESP Doutorado em Fisiologia Humana, Inst. Ciências Biomédicas - USP

Os autores estão em ordem alfabética

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2000

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