Não raro, temos visto presença de microcitose e hipocromia em crianças com peso e altura compatíveis com a idade (eutróficos).
Objetivo: em crianças eutróficas (2 a 4 anos) com ausência de hemoglobinopatias e ferropenia, comparar os resultados do eritrograma, leucograma, contagem de reticulócitos (CRC %) e volume reticulocitário (MRVµµ3) entre grupos com normocitose = grupo Normo (MCV de 80 a 99µµ3) e microcitose = grupo Micro (MCV máximo até 79µµ3).
Metodologia: Exames hematológicos (sangue com EDTA) executados em contador hematológico Pentra 120 Retic ABX/Horiba. Resultados Principais (significantes p<0.05): não existiram diferenças de valores médios entre os grupos Normo (N = 24) e Micro (N = 16) para peso, altura, total de Hemoglobina A %, de Hemoglobina A2 %, Hemoglobina F % e Ferritina ng/ml. MCVµµ3 – Normo = 83.8 (+ 2.5) e Micro = 75.3 (+ 5.9); MCHgg - Normo = 28.2 (+ 1.0) e Micro = 25.3 (+ 2.4); RBC / mm3 – Normo = 4.120.000 (+ 170.000) e Micro = 4.443.000 (+ 337.000); CRC % - Normo = 0.9 (+ 0.3) e Micro = 0.7 (+ 0.2); MRVµµ3 – Normo = 105.9 (+ 6.5) e Micro = 94.1 (+ 9.1); Leucócitos totais / mm3 - Normo = 10.171 (+ 2.762) e Micro = 8.881 (+ 2.941); Linfócitos típicos / mm3 – Normo = 3.858 (+ 1.022) e Micro = 3.041 (+ 712); Linfócitos atípicos / mm3 – Normo = 207 (+ 98) e Micro = 151 (+ 42).
Conclusões Principais: crianças eutróficas com microcitose e hipocromia, quando comparadas com crianças eutróficas com normocitose, além dos valores médios menores para MCV e MCH, também apresentaram menores valores médios para MRV, CRC, Linfócitos típicos e atípicos. Discute-se o menor valor médio dos linfócitos no grupo Micro e a sua relação com a deficiência protéica-calórica e o prejuízo para a imunidade. É possível que as modificações hematológicas apareçam antes das alterações na relação peso, altura e idade.
Na avaliação nutricional freqüentemente são utilizadas as medidas do peso, altura e idade para construção de indicadores antropométricos. Em crianças os mais usados são os indicadores: a) peso para altura (WH) que indica magreza e está relacionado a perda de peso recente; b) altura para idade (HA) que indica nanismo, e reflete déficit cumulativo de crescimento.
Quando o peso e a altura estão compatíveis com a idade eles são classificados de eutróficos, ou seja são normais. Vários trabalhos fazem referencias as imprecisões deste tipo de avaliação nutricional e indicam novas propostas (Joseph et al. 2002, Eckhardt & Adair, 2002. Peterson & Chen, 1990, Trowbridge & Wong, 1990). Entretanto, não devemos esquecer que, em vista das condições sócio-econômicas muito precárias em determinadas regiões, as medidas do peso e da altura associada a idade, muitas vezes ainda é o método de avaliação nutricional mais acessível.
Não raro, temos visto casos classificados como eutróficos, que apresentam no eritrograma alterações do tipo microcitose e hipocromia, que são características laboratoriais das anemias por deficiências nutricionais, principalmente as ferroprivas e protéico-calóricas.
A microcitose é o achado mais prevalente em exames hematológicos (Mach-Pascual et al, 1996).
A hipocromia quando identificada através do índice denominado hemoglobina globular média (MCH), é um valor absoluto muito fiel que informa sobre a “quantidade” de hemoglobina no interior das hemácias (Silva & Hashimoto, 1999).
Após a existência da execução de exames hematológicos por equipamentos automatizados, houve mudança na metodologia, e entre as vantagens destacamos: a execução com maior precisão, fidedignidade e a existência de novos exames para os reticulócitos (ABX, 1999).
O reticulócito é o estágio celular anterior a hemácia, por este motivo é denominado hemácia jovem. Uma das principais diferenças entre um reticulócito e uma hemácia, é a presença de restos nucleares (granulações de RNA dos ribossomas) que existe somente nos reticulócitos.
Algumas informações do reticulocitograma e do leucograma tem relações com anemias, cujas origens são as deficiências nutricionais protéico-calóricas, tais como:
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Jul/Ago/2003
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