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Pesquisadora mostra que Estado civil interfere no uso de tabaco entre idosos

1) Quais são os fatores de proteção contra o uso de tabaco?

Ser casado na terceira idade é apenas um dos fatores de proteção contra o uso de tabaco encontrados em pesquisa desenvolvida na Unifesp. A prática de alguma atividade física, idade mais avançada ou pertencer a grupos religiosos evangélicos também pode reduzir a chance de render-se ao hábito de fumar entre os idosos brasileiros, principalmente do sexo masculino. Uma pesquisa apresentada como tese de doutorado na Unifesp buscou retratar o hábito de fumar entre a população idosa brasileira. O estudo mostra que idosos casados apresentaram 66% menos chances de usar tabaco quando comparados aos não casados ou viúvos. A idade também esteve relacionada à redução da prevalência do hábito. O aumento dela, a cada ano, esteve associado a uma redução de aproximadamente 1% na chance do indivíduo fumar. A associação entre estado civil e fumo entre idosos pode ser explicada por mecanismos sociais.O maior aporte social recebido por sujeitos casados favoreceria o abandono do uso neste grupo, enquanto no grupo dos não casados a maior tendência à solidão e ao isolamento aumentaria a vulnerabilidade para a manutenção do hábito. Com relação à idade, consideramos a hipótese de o achado estar relacionado ao abandono do hábito com o aumento da idade e também à maior mortalidade entre os idosos fumantes.

2) A religião e atividade física também está associada com o hábito de fumar?

O estudo, que foi realizado com cerca de 7 mil idosos de ambos os sexos, moradores de áreas urbanas do Rio Grande do Sul e com idade superior a 60 anos, também aponta a religião evangélica como fator de proteção duas vezes maior para o uso do tabaco, quando comparado a outras religiões. Isso ocorre porque a religião evangélica, com freqüência, envolve maior engajamento nas atividades e práticas religiosas e tende a ser pró-ativa na orientação de hábitos de vida. Outro dado encontrado no trabalho mostra que os idosos que praticavam algum tipo de atividade física também tendem a fumar menos.

3) A baixa renda e o analfabetismointerferem no hábito de fumar?

Baixa renda e escolaridade caminham na contra-mão, quando o assunto é prevenção ao tabagismo. Verificou-se que os idosos pertencentes ao grupo de baixa renda apresentam chance 52% maior de fumar. Já quando a escolaridade foi analisada, encontrou-se maior uso do tabaco no grupo com menor nível de escolaridade, aumentando a chance de tabagismo em 35%. Esses resultados reproduzem achados de outros estudos nacionais e internacionais, mas assumem mais importância entre nossos idosos, em função da elevada freqüência de analfabetismo encontrada neste grupo, que foi de 20%”. Ser do sexo masculino, apresentar problemas respiratórios e transtornos psíquicos como ansiedade são características que também estiveram relacionadas ao maior uso da substância. A prevalência do uso de cigarro entre idosos foi de 28,9% para os homens, 13,6% para as mulheres e 18,8% para ambos os sexos.

4)Falta de orientação para esta população?

Os idosos representam um desafio especial quando o assunto é tabagismo. Esse grupo corresponde a uma faixa populacional em rápido crescimento e faz parte de uma geração que desconhecia os efeitos negativos do fumo e freqüentemente é negligenciado nos levantamentos epidemiológicos que avaliam a prevalência do fumo na população adulta. O tabagismo entre idosos contribui para o aumento de doenças e incapacidades relacionadas às doenças comuns do envelhecimento e está associado com todas as principais causas de morte nessa população. Os idosos fumantes, na maior parte das vezes, não recebem informações adequadas sobre os riscos relacionados à manutenção do hábito de fumar. Estes idosos acreditam que os prejuízos causados pelo fumo já aconteceram e que poderiam fazer muito pouco para reduzir os riscos à saúde

Autor

Dra. Valeska de Melo Marinho Psiquiatra, doutora pela UNIFESP

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