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Efeitos do Cromo, Magnésio e Zinco Associados à Melhora do Perfil Metabólico de Indivíduos Portadores de Diabetes Mellitus Tipo 2: Uma Revisão.

Alterações no estilo de vida, associadas à globalização resultaram em um aumento significativo da prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em todo o mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que em 2030, mais de 300 milhões de pessoas no mundo serão portadores dessa patologia.

O principal fenômeno fisiopatológico do DM2 é a resistência à insulina, diminuindo a captação de glicose em tecidos alvo deste hormônio. A longo prazo, pode ocorrer também, disfunção das células β pancreáticas, resultando em redução da secreção de insulina. A tolerância à glicose diminuída é sintoma clássico, resultando em hiperglicemia acompanhada de hiperinsulinemia e hemoglobina glicada com valores acima de 5,7%.

A manutenção de níveis normais de glicemia e hemoglobina glicada são objetivos que devem ser alcançados, visando diminuir as complicações associadas ao DM2. O descontrole glicêmico pode aumentar a incidência de lesão renal, ocular e neuronal, além do aumento do risco para doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico.

Do ponto de vista nutricional, o DM2, frequentemente, associa-se ao consumo inadequado de micronutrientes, sendo que a menor disponibilidade de minerais como magnésio, zinco e cromo pode ter impacto significativo na homeostase glicêmica.

Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a possível associação da suplementação de cromo, magnésio e zinco na melhora do perfil metabólico em indivíduos portadores de DM2, através de revisão da literatura.

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, a partir das bases de dados Lilacs, Scielo e Medline via Pubmed e Scopus, com artigos publicados entre 2010 e 2020. Foram utilizados trabalhos com indivíduos pré-diabéticos e diagnosticados com DM2, de ambos os sexos, acima de 20 anos, com ou sem tratamento medicamentoso, com e sem controle glicêmico, em qualquer estágio da doença. A busca inicial resultou em 65 artigos, destes foram selecionados 34 artigos para aplicação dos critérios de inclusão, resultando em 31 artigos para elaboração da discussão e dos resultados.

Os dados apresentados mostram o efeito positivo da suplementação de cromo sobre o controle glicêmico, assim como outros achados da literatura. Avaliaram o efeito da suplementação com 400µg de Cr, sobre o estresse oxidativo, resistência à insulina, glicemia e marcadores inflamatórios de pacientes DM2, observando diminuição na resistência à insulina (p = 0,02), TNF-α (p = 0,01) e insulinemia (p = 0,01), porém, sem impacto da suplementação sobre a HbA1c e glicemia.

Avaliaram também a glicemia em jejum, hiperinsulinemia e resistência à insulina em pacientes DM2 e verificaram que esses parâmetros foram maiores em indivíduos que tinham níveis de Cr baixos.

Outro estudo, mostrou que após 4 meses de suplementação com 600µg de Cr, houve redução na obesidade central (p <0,05) de pacientes DM2 e melhora do controle glicêmico. Outros autores encontraram resultados conflitantes sobre o efeito da suplementação sobre a obesidade, apesar de sugerirem uma relação positiva entre Cr e redução de gordura corporal.

Avaliaram o efeito da suplementação com 600µg/dia de Cr por 4 meses, e observaram redução da glicemia de jejum (p<0,05) e da glicemia pós-prandial (p<0,05). A HbA1c foi reduzida (p<0,001) nos grupos placebo e Cr, no entanto, essa redução foi significativamente maior (p<0,05) no grupo Cr. Além disso, houve redução da circunferência da cintura (p<0,05) nos pacientes suplementados.

Uma das hipóteses sugeridas é a ação do cromo sobre o metabolismo da glicose e da insulina, através do estímulo do receptor de insulina. Porém, são necessários mais estudos para compreender o impacto da suplementação no perfil antioxidante desses pacientes.

Os resultados disponíveis na literatura são conflitantes, porém, os dados sugerem efeitos favoráveis da suplementação de Cr no controle glicêmico em pacientes DM2. O benefício à longo prazo e a segurança da suplementação ainda precisam ser investigados. No entanto, os ensaios clínicos mostram que a suplementação pode aumentar a sensibilidade à insulina, reduzir o estresse oxidativo e a inflamação vascular, além de melhorar a tolerância à glicose.

O DM2 contribui para a hipomagnesemia nos pacientes e sua prevalência pode aumentar com o avanço da doença. A hipomagnesemia está associada ao aumento de HbA1c e ao menor controle glicêmico, podendo ser tanto causa quanto consequência do controle glicêmico inadequado.

Avaliaram o efeito da suplementação com 300mg/dia de Mg sobre parâmetros metabólicos e pressão arterial de pacientes diabéticos. A suplementação diminuiu a PAS (p <0,001), PAD (p <0,05) e os níveis plasmáticos de LDL (p <0,01), além de reduzir a glicemia de jejum e glicemia pós- prandial (p <0,0001) nestes pacientes.

Outro estudo mostrou que a hipomagnesemia está associada ao pior controle glicêmico, retinopatia, nefropatia e úlceras nos pés. Observou-se relação entre hipomagnesemia e maior HbA1c (p = 0,0016). Já a retinopatia, microalbuminúria, macroalbuminúria, ulceração do pé e neuropatia foram maiores nos pacientes com hipomagnesemia. Confirmando esses achados, afirmaram que a hipomagnesemia é comum em pacientes DM2, atingindo 1 a cada 4 indivíduos. Dos pacientes avaliados neste estudo, 23,2% apresentavam hipomagnesemia, sendo que a HbA1c foi maior nestes (p = 0,021).

Também demonstraram que a hipomagnesemia está associada à complicações diabéticas como, retinopatia diabética, nefropatia diabética, neuropatia diabética e macroangiopatia diabética, não observando correlação com outras comorbidades como hipertensão.

Indicaram melhora nos parâmetros de controle glicêmico e resistência à insulina nos pacientes após 3 meses de suplementação e concluíram que a suplementação com 300 mg/dia de Mg promoveu efeitos benéficos sobre a glicemia, perfil lipídico e a pressão arterial de pacientes com DM2.

O zinco é outro mineral que pode ter impacto positivo no controle glicêmico.

Pacientes diabéticos apresentam deficiência de Zn quando comparados com indivíduos normais, sendo que o controle glicêmico deficiente está associado a baixos níveis de Zn. Também foi observado que baixos níveis de Zn acentuaram a resistência à insulina.

Observaram glicemia em jejum, pós-prandial e HbA1c maiores em indivíduos com concentração sérica de Zn baixa, correlacionando a piora do controle glicêmico com a hipozincemia.

A associação de baixas concentrações de Zn e resistência à insulina em crianças brasileiras justifica a avaliação sérica deste mineral. Dados indicam que o Zn pode desempenhar um papel vital no DM2, pois sua concentração está associada à melhora da sensibilidade à insulina (p = 0,01). Apesar dos resultados promissores encontrados, mais estudos são necessários para investigar o efeito da suplementação a longo prazo.

Os estudos sugerem uma associação positiva entre a suplementação de minerais na prevenção e melhora do perfil metabólico de indivíduos portadores de DM2.

O cromo é um mineral benéfico para essa condição, já que contribui para a melhora da ação da insulina e perfil lipídico. Além disso, as alterações metabólicas foram maiores em indivíduos com deficiência de cromo, indicando que a suplementação pode aumentar a sensibilidade à insulina, reduzir o estresse oxidativo, a inflamação vascular e melhorar o metabolismo da glicose e do colesterol.

A suplementação de magnésio pode atuar como coadjuvante no tratamento do DM2, já que a maioria dos pacientes com DM2 apresentam hipomagnesemia e este mineral pode melhorar o controle glicêmico.
A deficiência de Zn está associada à piora da função das células beta-pancreáticas, sendo que  níveis  adequados melhoram o controle glicêmico.

Apesar dos resultados promissores, há uma grande variação dos resultados, sendo necessários mais estudos que avaliem os mecanismos envolvidos nos efeitos benéficos, bem a dose a ser suplementada e tempo de tratamento, dentre outros.

Dra. Carolina Avila Faruolo, Dra. Natália Marques Francisco - Graduadas em Nutrição pela Universidade Paulista – UNIP.

Profa. Dra. Camila Ferraz Lucena - Nutricionista, Mestre e Doutora em Fisiologia. Professora titular da Universidade Paulista.

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