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Fome em Debate no Peru com Nutricionista Brasileira

1) Qual foi o objetivo da sua participação no Simpósio sobre Segurança Alimentar e Nutricional, em Lima, Capital do Peru, entre os dias 10 e 12 de outubro passado?
Representar o Brasil durante este importante Simpósio sobre Segurança Alimentar e Nutricional. Na oportunidade, abordamos as experiências que deram certo no Brasil para combater a fome e a desnutrição.

2) O que é Segurança Alimentar e Nutricional?
"É a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais e nem o sistema alimentar futuro, devendo se realizar em bases sustentáveis.

Todo país deve ser soberano para assegurar sua segurança alimentar, respeitando as características culturais de cada povo, manifestadas no ato de se alimentar. É responsabilidade dos Estados Nacionais assegurarem este direito e devem fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil, cada parte cumprindo suas atribuições específicas",

3) Quem são as maiores vítimas da falta de segurança alimentar?
As Crianças são as maiores vítimas. Segundo a Organização Panamericana de Saúde- OPAS, em 1995, a má nutrição foi responsável por 6,6 milhões das 12,2 milhões de mortes entre crianças menores de cinco anos. Isso representa 54 por cento da mortalidade infantil nos países em desenvolvimento. Outro dado preocupante é que, no mesmo ano, mais de 200 milhões de crianças tiveram seu crescimento retardado devido à má nutrição.

O Conselho Nacional de Saúde tem estatísticas de 1996, segundo as quais, 10,5% das crianças menores de 5 anos de idade apresentavam déficit de altura/idade e 5,7% de pesos/idade naquele ano, com grandes variações regionais. Grande contingente de crianças, na faixa crítica de 6 a 23 meses de idade, ainda apresenta desnutrição.

4) Existe hoje uma preocupação com a quantidade de alimentos e a qualidade dos alimentos?
O problema não está relacionado somente com a falta de alimentos, mas com a qualidade também. Precisamos produzir alimentos seguros, que não comprometam a saúde com intoxicações. O processo de conscientização está mais avançado nas indústrias produtoras de alimentos, processo este que está se iniciando agora neste segmento, ou seja, nos restaurantes que servem alimentos à população.

Outro aspecto destacado está relacionado com a necessidade do constante aperfeiçoamento dos profissionais envolvidos com a manipulação dos alimentos. Neste sentido, o CRN-3 vem estimulando a realização de cursos, workshops e palestras em sua área geográfica de atuação. Em relação ao consumidor final, existe a necessidade de implementação de programas que orientem as donas de casa quanto ao aproveitamento correto dos alimentos. Há muito desperdício na cozinha brasileira, principalmente de folhas, cascas e de sobras de alimentos.

5) Que ações que estão dando certo para melhorar a situação alimentar no Brasil?
Ações como o restaurante popular com refeição a R$ 1; banco de alimentos baseado na doação por parte de indústrias e comércio; enriquecimento e fortificação de alimentos com ferro, por exemplo, para combater a anemia e hipovitaminose A para prevenir várias doenças; além dos programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Merenda, foram os principais itens destacados e que foram apresentados no Simpósio no Peru, como exemplos de programas executados no Brasil.

6) Qual a relação entre a desnutrição e pobreza?
Existe uma estreita relação entre a renda e a desnutrição. Segundo a Pastoral do Menor na área urbana da Cidade de São Paulo há 350 mil famílias com renda de R$ 1,08 dólar por dia, deduzidas as despesas com moradia. Na área rural são 89 mil famílias. Em Curitiba os números são estes: 247 mil famílias na área urbana e 133 mil na área rural. Em Cuiabá: 80 mil na área urbana e 21 mil na rural.

Os programas desenvolvidos pela Pastoral do Menor, que envolvem a comunidade onde vivem as pessoas pobres e subnutridas, foram responsáveis pela redução de cinqüenta por cento nos índices de mortalidade infantil. Convém lembrar que a Pastoral do Menor trabalha com uma população com taxas de pobreza e mortalidade altas, não representando fielmente os índices do país como um todo.

Autor

Dra. Maria Idati Gonsalves Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas-3a. Região, Mestre em Nutrição Humana Aplicada pela Universidade de São Paulo, integra o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional da Prefeitura da Cidade de São Paulo.

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