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Hábitos de Higiene são Fundamentais no Controle da Salmonela

1)Onde é encontradas a salmonela?
Encontrada principalmente em alimentos de origem animal, como ovos, leite e carnes, a salmonela é uma bactéria que oferece sérios riscos à saúde. Esse microorganismo pode ser de vários tipos e espécies, responsáveis por quadros clínicos bem diferentes.

Nos últimos cinco anos, o Brasil registrou 749 surtos de infecção por salmonela. Desse total, 277 foram causados especificamente pelo consumo de ovos ou maionese caseira contaminados, principais meios de veiculação da bactéria. Para evitar a sua propagação, um intenso trabalho de vigilância é realizado pelas autoridades de saúde.

2)Que trabalho é realizado pela vigilância para evitar sua propagação?
Uma das ações é a inspeção sanitária dos restaurantes, regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e executada pelas vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. O objetivo do trabalho é minimizar o risco de circulação da salmonela, pelo respeito às normas vigentes para as boas práticas de fabricação. Já a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde é responsável pela vigilância epidemiológica e pelo controle das infecções provocadas por essa bactéria. São as chamadas salmoneloses, que ocorrem a partir da ingestão de alimentos contaminados.

Desde 1999, a SVS faz a capacitação de técnicos das secretarias estaduais e municipais de Saúde para a vigilância e controle das doenças transmitidas por alimentos. Esse trabalho concentra-se no aprendizado da investigação epidemiológica de surtos dessas doenças nos locais onde ocorrem. A investigação é conduzida em conjunto com técnicos da vigilância epidemiológica e sanitária e voltada para conter um possível surto, impedir a propagação da bactéria e eliminar a circulação dos produtos contaminados. A Secretaria de Vigilância em Saúde também assessora, consolida e analisa os resultados das investigações epidemiológicas dos surtos ocorridos no País. A inspeção sanitária de produtos de origem animal, por sua vez, é regulamentada e conduzida pelo Ministério da Agricultura.

No Brasil, até o momento, não foi detectado nenhum surto de infecção por salmonela de grande magnitude, como os surtos multi-estaduais – que passam de um estado para o outro – relatados na literatura. Mesmo assim, é preciso manter o trabalho de controle da doença. Os estados onde mais se detectam surtos por salmonela são o Rio Grande do Sul, o Paraná e São Paulo. Em parte, isso acontece porque esses estados têm uma maior capacidade de detecção.

3)O que é salmonela? E como pode ser transmitida?
A salmonela é uma bactéria comum no trato intestinal, que se mantém no ambiente passando de um animal para outro. Essa bactéria é mais comumente encontrada em aves poedeiras. Animais contaminados tornam-se propagadores da bactéria. Ela é eliminada junto com as fezes, que contaminam o solo e a água por onde passam, afetando outros animais. Uma pessoa também pode transmitir a bactéria para outras por meio do contato das mãos contaminadas, devido à má higienização após sua ida ao banheiro, com alimentos e utensílios de cozinha.

4) Quais os principais sintomas da contaminação?
Os principais sintomas de contaminação por salmonela são diarréia, dor abdominal, febre, dor de cabeça, mal-estar, desidratação e calafrios. O diagnóstico é feito por meio de exames de fezes e de alimentos suspeitos, realizados na rede de Laboratórios Centrais em Saúde Pública dos Estados (Lacen). Uma pessoa vai a um restaurante e, ao ingerir alimentos contaminados, pode ficar doente. A partir da denúncia, é feita a investigação epidemiológica, a coleta das fezes do paciente e dos alimentos do restaurante, que são encaminhados para o Lacen. Caso haja salmonela nas fezes e nos alimentos, tem-se um indicador de contaminação.

As análises realizadas nos laboratórios de referência permitem identificar os sorotipos das salmonelas que circulam no Brasil. Essa bactéria apresenta mais de 1.600 sorotipos, mas nem todos causam infecção humana. Precisamos que seja implementada a coleta das amostras de fezes e de alimentos para a análise microbiológica.
Em geral, o período de incubação da infecção vai de 12 a 48 horas após a ingestão do alimento contaminado. Os principais riscos acontecem quando crianças, idosos, portadores do vírus HIV, pacientes com câncer e diabéticos são infectados por salmonela. Nesses casos, a perda de líquidos, em conseqüência da diarréia ou dos vômitos, pode levar a uma rápida desidratação e causar graves riscos à saúde dessas pessoas. É preciso consultar um médico imediatamente após o aparecimento dos primeiros sintomas.

5) Como é feito o tratamento da infecção por salmonela?
O tratamento da infecção por salmonela é feito com hidratação por meio de soro oral. Em alguns casos, também são utilizados antibióticos específicos, oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As principais recomendações para evitar a infecção pela bactéria são: guardar na geladeira os alimentos preparados no fogão, mesmo que ainda estejam quentes; cozinhar bem os alimentos; consumir alimentos pasteurizados; evitar que alimentos crus sejam adicionados a alimentos cozidos; e proteger os alimentos do contato com animais como aves, insetos e roedores, que podem transmitir a bactéria.

6) A Febre tifóide é uma das principais doenças causadas pelas salmonelas?
A febre tifóide é uma doença infecciosa grave causada por um tipo específico de salmonela: a Salmonella Typhi. Caracteriza-se por febre prolongada, alterações intestinais e aumento de vísceras como o fígado e o baço. A bactéria pode ser encontrada na água e em alimentos de origem animal contaminados. A doença é mais freqüente nos países em desenvolvimento, em locais onde o saneamento básico é inexistente ou inadequado. No Brasil, são registrados casos em todas as regiões, principalmente no Norte e Nordeste.

O Ministério da Saúde trabalha separadamente a vigilância epidemiológica da febre tifóide da dos outros tipos de salmonela. Ele explica que o tratamento diferenciado dado à vigilância da febre tifóide não está relacionado com a gravidade da doença, mas com o fato de ser conhecida há mais tempo e com o elevado número de casos que ocorrem anualmente. Se não tratada adequadamente, a doença pode levar à morte. Mesmo quando tratadas, cerca de 2% a 5% das pessoas infectadas tornam-se portadoras crônicas da bactéria, o que é mais comum em mulheres adultas. Essas pessoas são de particular importância para a vigilância epidemiológica porque mantém a endemia da febre tifóide e podem dar origem a surtos.

Autor

Eduardo Hage Carmo Coordenador Geral das Doenças Transmissíveis da SVS

Os autores estão em ordem alfabética

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