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Cardiopatia Isquêmica: A Prevenção Começa Na Infância

A Cardiopatia Isquêmica é tradicionalmente considerada uma doença de adultos, resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Estes fatores ambientais incluem o estilo de vida durante a fase adulta, compreendendo as práticas alimentares, a atividade física e o tabagismo, entre vários outros.
No entanto, este processo começa muito cedo, o que foi demonstrado inicialmente em estudos nos quais se observou o início da formação de lesões ateroscleróticas em autópsias de crianças e adultos jovens (Strong et al, 1999; Berenson et al, 1998). Até mesmo as condições de vida intra-uterina estão associadas a este processo. (Barker et al, 1993)

Mais recentemente, tem crescido a preocupação com a presença de fatores de risco tradicionais para cardiopatia isquêmica, como a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão arterial e as dislipidemias já em fases precoces da vida. Há evidências de que a progressão e a gravidade do processo aterosclerótico estão relacionados à presença, à magnitude e à duração de uma série de fatores de risco (Rabelo, 2001).

Hoje em dia a preocupação com a alimentação das crianças tem sido de grande importância. A prevalência de obesidade infantil vem crescendo no nosso meio, a proporção de crianças entre 6-11 anos, nos estados unidos, que são obesas (índice de massa corporal acima do percentual 95) aumentou de 3,9% para 11,4% em meninos e 4,3% em meninas entre trabalhos feitos em 1963-5 e 1988-9 (Edmunds et al, 2001). No Brasil, a prevalência de obesidade aumentou de 4,1% para 13,9% entre 1975 e 1997, evidenciando uma taxa anual de aumento da obesidade de 0,5% (Monteiro te al, 2002).

Um estudo realizado em comunidade de baixa renda do Rio de Janeiro demonstrou prevalência de sobrepeso de 10,1% e de obesidade de 4,6%, sendo mais elevadas que as prevalências de baixo peso para idade (3,8%) e de baixo peso para estatura (1,2%) (Motta et al, 2001). A prevalência de sobrepeso e de obesidade em uma escola da rede privada de Recife é em torno de 26,2% e 8,5% respectivamente (Balaban et al, 2001).

Aproximadamente, 50% das crianças obesas têm outros fatores de risco cardiovasculares (Forrester et al, 1996). Evidencia-se ainda que a obesidade é mais freqüente durante os primeiros anos de vida, associada a práticas de desmame precoce e difusão de normas de dietética incorretas, que estimulam a superalimentação, chegando a premiar bebês obesos (Escrivão et al, 2000).

A amamentação, quando mantida até pelo menos o quarto mês de vida, diminui os riscos de obesidade, dislipidemia, diabete e hipertensão arterial sistêmica, além de ser ótima aliada para a formação de bons hábitos alimentares. Isto se mostra de particular relevância quando pensamos nos vários fatores existentes que contribuem atualmente para uma alimentação infantil inadequada: A mídia que apresenta sempre alimentos saborosos e pouco nutritivos; a tecnologia, no momento em que a criança fica muito tempo na frente da televisão, computador e jogos de videogame; a família, nos pais que falham em orientar seus filhos sobre uma alimentação adequada e a correria do dia-a-dia que facilita o consumo de lanches rápidos; sem esquecer da escola que na maioria das vezes oferece em seus bares e cantinas alimentos gordurosos.

É importante enfatizar a necessidade de uma dieta saudável, “comer de tudo sem comer tudo”.
Quanto à atividade física, mais da metade da população adulta é sedentária ou inativa. Estudos quantitativos indicam que a vida sedentária é responsável por cerca de um terço das mortes por doença cardíaca coronariana, câncer de cólon e diabetes. É sabido, através de estudos prospectivos, que a incidência de doenças cardiovasculares é menor em pessoas fisicamente ativas em comparação com a parcela sedentária da população, e as taxas de doenças cardiovasculares são menores quanto maior o condicionamento físico.

O principal objetivo da prescrição de exercícios na infância e adolescência é criar o hábito e interesse pela atividade física e não treinar visando desempenho. A competição desportiva pode trazer benefícios do ponto de vista educacional e de socialização, visto que proporciona atividades em equipe, colocando a criança em situações de vitória e derrota. Entretanto, o componente lúdico deve prevalecer sobre o componente competitivo.

Autores

Bárbara Ligocki Zen Bolsista de Iniciação Científica do IC/FUC-FAPERGS.
Dra. Lucia Campos Pellanda Especialista em Pediatria. Mestre em Cardiologia. Cardiologista Pediátrica do Instituto de Cardiologia do RS/FUC.
Dra. Manuela da Costa Flores Nutricionista Pediátrica do Instituto de Cardiologia do RS/FUC
Dra. Rosemary Petkowicz Pediatra Intensivista do Instituto de Cardiologia do RS/FUC, Especialista em Medicina do exercício
Juçara Gasparetto Maccari Bolsista de Iniciação Científica do IC/FUC-FAPERGS.

Os autores estão em ordem alfabética

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/2002

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