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Alimentação em Crianças com Paralisia Cerebral

A alimentação em crianças com Paralisia Cerebral é deficiente e de difícil manipulação, decorrente dos próprios problemas neurológicos associados a essa patologia. Os problemas alimentares acarretam uma alta prevalência de estado nutricional subótimo e falha no crescimento dessas crianças.

O manejo dietético e não-dietético então são necessários para otimizar a alimentação e nutrição desses pacientes, procurando melhorar seu estado nutricional. Porém, não existem métodos de avaliação nutricional validados e específicos para essa população, o que dificulta o manejo clínico. Este trabalho procura identificar quais os principais problemas alimentares apresentados por crianças com PC, apresentando recursos dietoterápicos e não-dietoterápicos para melhorar a alimentação desses pacientes.

Paralisia cerebral (PC) é um termo utilizado para descrever um grupo de desordens não-progressivas do movimento e postura, associado com defeito cerebral imaturo, que usualmente surge no período pré-natal (Fung, 2002). Não há um conceito amplo ou específico sobre esta doença, porque as manifestações clínicas são muito heterogêneas e a etiologia é de amplo espectro.

O diagnóstico clínico baseia-se na história e na avaliação física e neurológica, ou seja, nas manifestações motoras que constituem a principal característica clínica (Fonseca, 2002).
A incidência média da PC é de 2 para cada 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos, fazendo da PC a deficiência física mais comum em crianças (Fung et al, 2002). Em países subdesenvolvidos, considerando todos os graus de PC, a incidência pode chegar a 7:1000 (Fonseca et al, 2002).

Dentre os principais problemas neurológicos associados com essa patologia estão retardo mental, epilepsia, dificuldade de aprendizagem e comunicação e deficiência visual e auditiva. Crianças com PC também podem apresentar problemas ortopédicos, tais como, escoliose, deslocação do quadril, contratura das articulações e discrepância no comprimento da perna comparado ao corpo (Fonseca et al, 2002; Miller et al, 1995).

Problemas relacionados com a alimentação são comuns em crianças com PC, permanecendo em torno de 90%, e são considerados secundários às características da doença (Gangil et al, 2001; Smith et al 1999).

Dentre os principais problemas estão o controle oral-motor deficiente (hipotonia, fraco reflexo de sugar, lábios freqüentemente entreabertos e empuxar a língua freqüentemente), maturação neurológica anormal (mecanismo de engolir não-coordenado, morder tônico, reflexo hiperativo) e má postura durante a refeição por não poderem sustentar o tronco (Fung et al, 2002; Reilly et al, 1996).

Como conseqüência aos problemas relatados anteriormente, as crianças com PC apresentam disfagia, regurgitação freqüente, tosse e sufocamento durante a alimentação, vômitos, refluxo gastroesofágico, aspiração, hipertonicidade da língua (e sua lateralização) e disfunção oral-motora. Essas anormalidades limitam a quantidade ingerida, uma vez que parte do alimento se perde, pois é babado ou tossido por falta de controle da boca (Gangil et al, 2001).

Um exame orofacial sobre as anormalidades estruturais da mandíbula, língua ou palato, e anormalidades do movimento da cavidade oral, da faringe ou laringe são necessários para identificar qual a fase do mecanismo de engolir iniciou o problema de disfagia. Crianças com PC freqüentemente têm atraso ou falta da fase reflexa do mecanismo de engolir, sendo incapazes de formar o bolo alimentar e propulsar o alimento para o esôfago.

Com isso, o alimento pode ficar acumulado na valécula (espaço entre a epiglote e a base da língua) ou nos seios piriformes (espaço entre o lado da faringe e o esfíncter faríngeo), podendo ser aspirado (Couriel et al, 1993). A história alimentar fornece informações para que a equipe de saúde selecione indícios de patologias associadas com a disfagia. Sintomas de recusa alimentar (aversão, letargia, irritação), cianose, tosse, engasgo, vômitos, ruídos ao deglutir e voz “molhada” são indicativos de refluxo gastro-esofágico e aspiração silenciosa.

Estudos mostram que a alta prevalência do estado nutricional subótimo e a falha no crescimento dessas crianças podem ser parcialmente explicadas pela limitada quantidade de comida ingerida, que acarreta um balanço energético negativo, implicando valores antropométricos que indicam um estado nutricional subótimo (Fung et al, 2002; Sullivan et al, 2002; Stallings et al,1996).

Autores

Dra. Priscila Pereira Borges Nutricionista graduada pelo Curso de Nutrição da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Profa. Dra. Elza Daniel de Mello Professora Assistente do Departamento de Pediatria e Puericultura daFaculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Coordenadora do Curso de Nutrição da UFRGS.

Os autores estão em ordem alfabética

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2004

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