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Doença Renal Crônica: A Epidemia do Século XXI

1) Quais as Consequências da Doença Renal Crônica?
A Doença Renal Crônica (DRC), lesão renal que pode levar a perda progressiva e irreversível da função dos rins, à diálise e, consequentemente, ao transplante, já é considerada por muitos especialistas um caso de epidemia. Além disso, a DRC não está associada apenas a indivíduos adultos. Nas crianças a DRC é uma doença devastadora. A taxa de mortalidade para as crianças em diálise é de 30 a 150 vezes maior do que na população geral.  
Doenças nos rins, crônicas ou não, e a perda de função de tais órgãos, levam a uma série de problemas, tais como pressão alta, doenças no coração, anemia e alterações em ossos e baixa estatura. Embora um em cada 10 adultos seja portador de doença renal crônica, causas e consequências podem ser diagnosticadas e observadas desde muito cedo, até mesmo na fase ultra-interina.
 
2) Quando as doenças renais são detectadas?
Geralmente, as doenças renais não são detectadas na infância. Por isto, são importantes uma investigação e diagnóstico precoces, com acompanhamento e monitoração sob o olhar de um especialista nefrologista. O objetivo é evitar que a doença se manifeste de outras formas, já na idade adulta. Um alerta ainda na infância pode evitar outras doenças no futuro, quando a evolução do problema poderá aparecer isolada ou associada com o diabetes, a pressão alta e doenças do coração.

Segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde), as doenças renais atingem mais de 500 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, cerca de dois milhões de pessoas são afetadas e, com bases nos dados do Ministério da Saúde, 60% não sabem que têm o problema. O agravamento da doença pode até levar à morte. Conforme informações do Ministério da Saúde, em 2006, foram registrados 11.099 óbitos por insuficiência renal.

3) Qual é a incidência da DRC?
No mundo todo, a incidência da DRC (Doença Renal Crônica) em crianças e adolescentes é de 15 pacientes/milhão entre 0 e 19 anos (dados de 2002). No Brasil, os índices apontavam, até alguns anos atrás, cerca de 6,5 pacientes/milhão habitantes. A tradução disto revela-se em números alarmantes: dados do IBGE (Censo de 2005- 2009) mostraram no Rio de Janeiro a incidência de 25 pacientes com doença renal terminal (necessitando de diálise)/milhão de população infantil. Em São Paulo, somente no Hospital do Rim e Hipertensão (Unifesp-EPM) foram realizados, em 2009, 78 transplantes em crianças. Em 1988, data de início do transplante infantil, foi realizado apenas 1 transplante/ano.

4) O Cálculo renal também é preocupante?
O Cálculo Renal é o “Stone boom” do Século XXI. Podendo comprometer o correto funcionamento dos rins e causar muita dor ao paciente, o aumento mundial da incidência e prevalência da litíase urinária (cálculo ou pedra no rim, ureter e bexiga) é considerado ainda, segundo especialistas, o “stone boom” do novo milênio. No Brasil, a história familiar de litíase renal foi positiva em 70 % dos casos, e em 52% dos pacientes com cálculos urinários por hipercalciúria (hiperexcreção de cálcio urinário).

Como a Doença Renal Crônica (DRC), o Cálculo Renal também não está associado apenas aos adultos. Se antes era um caso por mês nos pronto-socorros, hoje acontece pelo menos dois ou três por semana. O problema afeta entre 3% e 5% das crianças. Além de envolver uma predisposição genética para a formação desses cálculos renais, 50% a 60% de crianças com pedras nos rins têm histórico familiar, são adeptos à alimentação industrializada, ao fast food e à ingestão insuficiente de água. Estes fatores podem explicar o significativo aumento das doenças renais em crianças.
 
5) Há formas de prevenção do problema?
A recomendação dos órgãos de saúde em todo mundo é a ingestão de cerca de 1 litro de água por dia para as crianças, a adoção de uma alimentação equilibrada, rica em potássio e frutas, redução da ingestão de sal e a prática de exercícios físicos. Atividade física é excelente, pois facilita a incorporação de cálcio nos ossos e a substância chega em menor quantidade aos rins.
 
Veja no quadro abaixo os principais fatores da Doença Renal Crônica na infância:
- História familiar de rins policísticos ou outra doença genética
- Baixo peso ao nascimento
- Histórico de insuficiência renal aguda por lesão hipóxico-isquêmica ou outro agravo no período peri-natal
- Displasia ou hipoplasia renal
- Doenças urológicas, especialmente uropatias obstrutivas
- Refluxo vesico-ureteral, principalmente associado com infecção urinária de repetição
- História prévia de nefrite ou síndrome nefrótica
- História prévia de síndrome hemolítico urêmica
- História de púrpura de Henoch-Schoenlein
- Diabetes mellitus
- Lupus eritematoso sistêmico
- História de hipertensão arterial

Autor

Dra. Maria Cristina de Andrade Especialista em Nefrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e pela Sociedade Brasileira de Pediatria e também responsável pela enfermaria de nefropediatria do Hospital do Rim e Hipertensão, UNIFESP- Escola Paulista de Pediatria.

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