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Suscetibilidade Genética ao Câncer

1) Quais são os fatores ambientais potenciais para o desenvolvimento do câncer?
Entre eles, pode ser citada a exposição à fumaça, não somente a do cigarro, mas também aquela proveniente de todos os processos de combustão, como por exemplo, na queima de combustível em veículos automotores e indústria.

2) Quais os avanços que aconteceram nas pesquisas biomédicas nos últimos anos?
Nos últimos anos aconteceram grandes avanços das pesquisas biomédicas. Entre eles merecem destaque as pesquisas sobre predisposição e suscetibilidade genética e as descobertas revolucionárias sobre a completa codificação do genoma humano.
As pesquisas sobre suscetibilidade genética têm sido intensas nos últimos dez anos. Há cerca de 30 anos, a suscetibilidade ao câncer era atribuída, principalmente, a quanto os indivíduos se expunham aos agentes carcinogênicos.

Atualmente, embora essa correlação seja efetiva, é evidente a existência dos fatores genéticos que conferem suscetibilidade diferencial à doença.
O conhecimento de que os fatores ambientais desempenham papel etiológico no câncer é muito antigo. Já no século XVIII, o médico inglês Sir Percivall Pott relatara o aumento da incidência do câncer de testículo em indivíduos que se ocupavam da limpeza de chaminés, ficando expostos, portanto, à fuligem rica em compostos da classe dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, muitos deles com ação carcinogênica. Entretanto, nem todos os indivíduos expostos desenvolveram a doença, sugerindo a interferência de algum outro fator, ou seja, a constituição genética individual.

3) Qual é o papel do ambiente em conjunto com a herança genética?
Somente no final da década de 80 é que a epidemiologia molecular surgiu, auxiliando na maior compreensão do papel do ambiente, em conjunto com a herança genética, no aparecimento do câncer. A grande contribuição da epidemiologia molecular é que ela congrega os conhecimentos da epidemiologia clássica com os da biologia e genética molecular, conferindo dados mais precisos sobre esses fatores, bem como resultados mais rápidos sobre os indivíduos ou populações que constituem grupos de risco.

Muitos são os fatores ambientais potenciais para o desenvolvimento do câncer. Entre eles, pode ser citada a exposição à fumaça, não somente a do cigarro, mas também aquela proveniente de todos os processos de combustão, como por exemplo, na queima de combustível em veículos automotores e indústrias. Agentes biológicos, como os vírus B e C da hepatite, e agentes físicos, representados pelas radiações ionizantes, também são fatores potenciais a que o homem está exposto diariamente.

4) Como agem estes agentes no organismo humano?
Esses agentes penetram nas células humanas, danificando o material genético (DNA), localizado no núcleo celular. Esses danos podem ser reparados por mecanismos celulares especiais. No entanto, quando esses processos de reparo não são eficazes, o acúmulo dessas lesões pode originar uma célula com alterações. Essa célula não se comporta mais de modo correto, perdendo sua capacidade de produzir proteínas normais e de se dividir ordenadamente.

Da instalação da lesão ao desencadeamento do câncer, pode-se levar muito tempo
Existem mutações no DNA que conferem alto risco individual para o desenvolvimento do câncer, em algum estágio da vida da pessoa, independente do ambiente. Nesses casos, o indivíduo é predisposto à doença e constitui a minoria.

Por outro lado, existe um grupo maior de pessoas, portadoras de mutações que afetam a resposta do organismo frente à ação dos agentes ambientais, ou seja, eles não são capazes de inativar convenientemente os agentes lesivos ao material genético ou são deficientes em reparar os danos induzidos ao DNA. Esses são denominados suscetíveis e em comparação com os indivíduos predispostos têm menores chances de desenvolver o câncer.

Fizemos um estudo que demonstrou que indivíduos fumantes, portadores de genes deficientes para inativar os compostos do cigarro, e que também eram alcoólatras apresentavam maior incidência de cirrose, em comparação aos alcoólatras não fumantes. Em um trabalho conjunto envolvendo assistente social, psicólogos, gastroenterologistas e geneticistas, esses indivíduos foram aconselhados à mudança em seus hábitos de vida, como não somente deixar de beber, mas também de fumar.

5)Quais são as principais estratégias de prevenção?
A conscientização sobre a existência desses fatores, a diminuição de exposição a eles e mudanças nos hábitos de vida. Através do estudo da suscetibilidade individual será possível determinar os fatores de risco para muitas doenças e também a compreensão dos mecanismos pelas quais elas se desenvolvem. Isso poderá auxiliar o indivíduo a optar por um estilo de vida ou tipo e local de trabalho mais saudáveis.

Um outro benefício decorrente desses estudos, refere-se à prescrição de medicamentos. Ao se ter o conhecimento das variações nas enzimas que metabolizam compostos químicos, pode-se determinar se uma droga será mais eficaz ou não para um indivíduo. Isso faz com que os custos dos tratamentos sejam reduzidos, bem como seus efeitos colaterais.

6) Durante o III ICOI/2002 estes temas estarão sendo discutidos?
Durante o III ICOI/2002, no dia 15 de agosto, serão realizados vários cursos internacionais voltados ao aprimoramento, aprofundamento do conhecimento e à atualização do profissional. Entre os cursos internacionais estão o de Imunomodulação no Câncer, o de Radioterapia da Sociedade Européia de Oncologia, o de Oncogenética Clínica para os Médicos, além do Curso Internacional Avançado de Oncologia Clínica – todos com participação de professores brasileiros e estrangeiros.

No dia 17 de agosto, será também realizado o Curso Básico de Cancerologia da Sociedade Brasileira de Cancerologia, com primorosa temática voltada ao médico residente e o médico com intenções de especialização na área, em vista da demanda crescente nesta especialidade, diante das estatísticas que apontam o câncer como a segunda maior causa de morbidade e mortalidade por doença no Brasil e no mundo.

7) além destes temas o que mais fará parte da programação?
No dia 16, sexta, além de toda a programação científica, será realizado durante o III ICOI/2002 o Fórum de Educação Médica. O tema em debate será a formação da grade curricular sobre câncer que deveria ser dada nas escolas e residências médicas. Participarão do Fórum diversas universidades de todo o Brasil, representantes da A.M.B., CFM e de Comissões Governamentais da área de Educação Médica.

O Fórum de Pesquisa Clínica, que acontecerá no mesmo dia, irá reunir órgãos fomentadores da pesquisa clínica do Brasil e organizações de pesquisa, sob a Coordenação da UNESP.
O III ICOI/2002 também apresenta, paralelamente ao Congresso, uma feira com os principais fabricantes e distribuidores de medicamentos da área. Será uma grande oportunidade para os profissionais estabelecerem um contato mais direto com os produtores e estes mostrarem os principais benefícios dos produtos e os novos avanços do tratamento.

8) Quando acontecerá o III ICOI/2002?
De 15 a 18 de agosto no Hotel Transamérica (Av. das Nações Unidas, 18.591 – São Paulo – SP)
As Inscrições podem ser feitas pelo Site – www.rsbcancer.com.br/icoi
E-mail – galeotti@terra.com.br - A/C Sandra Galeotti

Autor

Dra. Nise Hitomi Yamaguchi Presidente do Congresso e Diretora Científica da Sociedade Brasileira de Cancerologia e do Instituto Avanços em Medicina

Os autores estão em ordem alfabética

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