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Obesidade em jovens com necessidades especiais
 

1) Quais são as complicações que ocorrem na obesidade infantil?
As crianças obesas sofrem de uma série de complicações em função do seu excesso de peso. Hipertensão, diabetes tipo II, apnéia do sono e infiltração gordurosa do fígado são apenas algumas delas. Talvez o maior sofrimento da criança com sobrepeso seja o de ordem emocional. As discriminações, as brincadeiras de mau gosto na escola, os apelidos e as gozações fazem parte do dia a dia dos jovens que lutam contra a balança.

2) Que situações contribuem para o baixo gasto energético?
A situação é ainda mais perversa, quando patologias ou condições clínicas que levam às imobilizações prolongadas ou baixo gasto energético, acabam contribuindo para o acúmulo de tecido gorduroso no organismo. Além da gordura propriamente dita, a causa desse desequilíbrio nutricional também é um fator estigmatizante para o seu portador.
Nada imobiliza mais uma criança saudável do que a televisão e os videogames. Porém quando uma criança é vítima de uma fratura de membros inferiores ou doença cardíaca que vai requerer repouso prolongado, a tendência para ganhar peso não deve ser menosprezada nem pela família nem pela equipe de saúde que está atendendo esse paciente. Em alguns casos, serão necessários meses passados numa cama ou cadeira de rodas, bem numa fase em que gastar energia é vital para a manutenção de um peso saudável.

3) Os medicamentos também favorecem a obesidade?
Crianças com doenças respiratórias, alérgicas, reumáticas ou transplantadas poderão necessitar fazer uso crônico de corticóides. Esse tipo de medicamento favorece a retenção de líquido, aumento da fome e acúmulo de gordura nos tecidos corporais. As crianças ficam com o rosto inchado, lembrando uma lua cheia.
Medicamentos como antialérgicos, antidepressivos e anticonvulsivantes também podem acarretar importante ganho de peso.

4)Existem patologias que favorecem a obesidade?
Uma outra situação que está aparecendo muito nos serviços especializados em obesidade infantil é o atendimento para portadores da Síndrome de Down. Essa doença é causada por um problema genético conhecido como trissomia do cromossomo 21. Das suas inúmeras complicações, uma das mais freqüentes são as malformações cardíacas. Devido a esses problemas na estrutura do coração, a expectativa média de vida para um portador dessa síndrome era de cerca de 15 anos, até a bem pouco tempo atrás. Hoje, com os avanços da cirurgia cardíaca, esses problemas são corrigidos já nos primeiros dias após o nascimento, e a expectativa de vida para essas pessoas pulou para bem mais de 30 anos de idade.

Agora é bastante comum as famílias procurarem ajuda para os adolescentes com Síndrome de Down obesos, o que não acontecia há alguns anos, pois esses jovens faleciam antes, em função das complicações cardíacas. É importante lembrar que para esse grupo, existem gráficos e tabelas de peso e altura específicos, que obviamente são diferentes dos usados para não portadores dessa patologia.

5)Qual é a sua mensagem para as pessoas que querem atingir o padrão de magreza estabelecido pela mídia?
Na nossa sociedade, existe uma grande pressão da mídia no sentido de que as pessoas sejam cada vez mais magras. Isso causa um desejo de possuir um peso que muitas vezes vai ser geneticamente impossível para a maioria dos indivíduos.

Para quem não atingir esses padrões, resta um risco muito grande de sofrer discriminação. Se a criança ou adolescente possui uma das situações que citamos acima, ela é então duplamente penalizada. Uma pelo seu problema de saúde e outra pelo excesso de peso que essa dificuldade acarreta. Talvez a maior lição que devemos tirar disso tudo é que cada indivíduo é um ser especial, com características, potenciais e necessidades que lhe são próprias. Independente do seu peso ou de suas complicações médicas.

Aprender a convier com essas diferenças é um desafio para a sociedade, para a família e até mesmo para os profissionais da saúde que devem saber lidar bem com essas variáveis. Aqui a ciência e a arte se equiparam.

 

 
Autor
 
Dr. Nataniel Viuniski
Pediatra, Especialista em Obesidade Infantil, Coordenador do Departamento de Obesidade Infantil da Associa̤̣o Brasileira para Estudo da Obesidade РABESO

 
Os autores estão em ordem alfabética.
 
 

 
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