Hábitos pouco saudáveis começam muito cedo: bebês, crianças pequenas e açúcares adicionados
 
Um novo estudo publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics descobriu que quase dois terços das crianças pequenas (61%) e quase todas as crianças maiores (98%) consomem açúcar adicionado em suas dietas diárias, principalmente na forma de iogurtes com sabor (bebês) e bebidas de frutas (crianças com até 2 anos). Os bebês tinham entre 6 a 11 meses e as crianças maiores, entre 12 a 23 meses.

A análise documentou algumas boas notícias no declínio, durante o período do estudo (2005-6 e 2015-16), da porcentagem de bebês cujas dietas diárias incluem adição de açúcares, bem como nas quantidades consumidas. No entanto, a ingestão generalizada aponta para um problema sério e persistente: o desenvolvimento precoce de padrões alimentares associados a condições de saúde negativas.

O estudo, que é o primeiro a analisar as tendências no consumo de açúcar adicionado por bebês e crianças pequenas, documenta que a maioria das crianças consome mais açúcar do que o que pensávamos. Isso tem implicações importantes para a saúde pública, pois pesquisas anteriores já nos revelaram que os padrões alimentares estabelecidos precocemente influenciam os padrões posteriores.

Pesquisas anteriores sobre dietas para crianças acima de dois anos associaram o consumo de açúcar ao desenvolvimento de cáries, asma, obesidade, pressão arterial elevada e perfis lipídicos alterados.

As organizações de saúde dos Estados Unidos promulgaram diretrizes que recomendam limitar a ingestão de açúcar a 9 colheres de chá ou menos para homens adultos e 6 colheres de chá ou menos para mulheres adultas e crianças entre 2 e 19 anos. No entanto, não havia nenhuma pesquisa comparativa feita com bebês e crianças pequenas, antes deste estudo.

As descobertas deste novo estudo sobre as dietas de bebês e crianças pequenas devem aumentar a conscientização entre organizações e profissionais de saúde e orientar diretrizes e recomendações futuras.

Os pesquisadores analisaram dados de 1.211 crianças e bebês (6-23 meses), presentes na Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES) 2011-2016, um estudo representativo nacional realizado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Eles usaram o Banco de Dados de  Padrões Alimentares Equivalentes e a lista O que comemos na América, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, para categorizar os alimentos. Os açúcares contidos no leite materno e na fórmula não foram incluídos nas estimativas de consumo.

O que o estudo mostrou


 

Os resultados mostraram que os bebês consumiam cerca de 1 colher de chá de açúcar adicionado diariamente (equivalente a cerca de 2% de sua ingestão calórica diária), enquanto as crianças consumiam cerca de 6 colheres de chá de açúcar (cerca de 8% de sua ingestão calórica diária).

Não foram detectadas diferenças no consumo de açúcar adicionado por sexo, nível de renda familiar e chefe de família, mas houve algumas distinções por raça / origem hispânica: crianças asiáticas não-hispânicas consumiam o menor nível de açúcares adicionados e crianças negras hispânicas consumiam os níveis mais altos de açúcares adicionados (8,2 colheres de chá).

Segundo o estudo, as principais fontes alimentares de açúcares adicionados para bebês incluem iogurte, lanches, doces e produtos de panificação doce. Para crianças pequenas, as principais fontes incluíam bebidas de frutas, produtos doces assados, açúcar e doces.

Os pais devem estar atentos aos níveis de açúcares adicionados nos alimentos escolhidos ao desmamar os bebês. A transição de uma dieta à base de leite (leite materno e fórmula) para alimentos de mesa tem um impacto na nutrição, na preferência de sabor e nos padrões alimentares. É importante discutir quais alimentos sólidos devem ser introduzidos, durante o desmame, com o pediatra da criança. A leitura do rótulo com os dados nutricionais também é outro recurso para apoiar decisões informadas.

Fonte

Dr. Moises Chencinski - Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com título de especialista em pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB); Formado pelo CEPAH – Centro de Pesquisa e Aperfeiçoamento em Homeopatia com título de especialista em homeopatia pela Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB).