Por que nosso coração pode crescer e como identificar se isso é um problema cardíaco
 
A dilatação do músculo cardíaco é recorrente em atletas que praticam modalidades que requerem esforço físico intenso, mas geralmente não tem relação com problemas

Pela ocorrência bem específica, poucas pessoas sabem que nosso coração pode aumentar de tamanho e porque isso ocorre. Essa dilatação do músculo cardíaco é chamada popularmente de coração de atleta e não se trata necessariamente de uma doença.

Essa hipertrofia ventricular secundária ligada à atividade física é relativamente comum em atletas praticantes de modalidades de alto rendimento e o surgimento é tão particular que não há dados ou mesmo estudos que confirmem que essa condição tem qualquer relação com problemas cardiológicos.

O que se pode afirmar é que, diante de um esforço excessivo, o coração procura se adaptar e, com o tempo, se torna maior do que o órgão de uma pessoa comum. Essa adaptação fisiológica às sobrecargas de força e metabolismo independe do sexo do atleta. Sabemos que o surgimento depende muito mais do tipo de exercício e da quantidade de esforço envolvidos. A maioria dos médicos sequer trata essa condição como doença porque o coração fica hipertrofiado e dilatado apenas para suportar o excesso de atividade.

Atletas identificados com essa condição apresentam maior eficiência mecânica da musculatura esquelética, aumento da capilarização e de atividades enzimáticas, aumento da capacidade funcional pulmonar e melhor relação ventilação/perfusão. Essas alterações dependem da intensidade e duração do treinamento, do tipo de atividade atlética e de fatores genéticos.

Ainda não há dados que comprovem que essas alterações levem a problemas cardiovasculares mais graves. Mas então como os cardiologistas tratam desses casos, quando identificados? Quando há alguma dúvida é necessário se basear em exames complementares para fechar um tratamento ou para recomendar apenas um acompanhamento. E o médico lembra que essa adaptação do órgão, decorrente do excesso de treino, não costuma ser motivo para que o atleta pare de praticar exercícios físicos. Mas o acompanhamento com o cardiologista é fundamental.

Há ainda casos em que o coração se desenvolve por outros fatores. Quando há dúvidas se esse crescimento é resultado de uma adaptação ou doença estrutural cardíaca, caberá ao médico pedir exames complementares. Normalmente, utiliza-se a ressonância magnética cardíaca para averiguar o grau de espessura do músculo, a presença ou não de alterações diastólicas, a força de contração, presença de fibrose e tamanho da cavidade. Quando mesmo assim persistem dúvidas, o indivíduo é orientado para se afastar momentaneamente das atividades para interrupção do esforço e ser possível fazer uma reavaliação.

Fonte
Dr. Alexandre Soeiro - cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo