Nutricionista explica quais são os mitos e as verdades sobre o colesterol | ||
Apenas os obesos podem apresentar altas taxas de LDL? Usar óleo de coco diminui o colesterol e auxilia no emagrecimento? Somente alimentos fritos aumentam o colesterol? Confira as respostas aqui! Em 8 de agosto celebra-se o Dia Nacional do Combate ao Colesterol. A hipercolesterolemia, como é denominado cientificamente o excesso dessa substância no sangue, é uma doença silenciosa que pode causar diversos males ao sistema cardiovascular das pessoas, resultando, inclusive, em infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas são as principais ações para diminuir o risco de doenças cardiovasculares causadas pelo colesterol. Mas, ainda há muitas dúvidas sobre o assunto. Por isso, confira 11 mitos e verdades sobre o tema: Mito. Nem todas as pessoas com excesso de peso têm colesterol elevado, assim como alguns indivíduos magros podem apresentar conteúdo sanguíneo elevado. Embora a obesidade aumente a chance do aparecimento do colesterol elevado, isso não é um fator determinante. Mito. Não há evidências científicas que justifiquem o consumo de óleo de coco para esse fim. Verdade. As fibras solúveis e insolúveis são benéficas no controle do colesterol. As insolúveis auxiliam na redução do colesterol ao nível do intestino, enquanto as solúveis contribuem para gerar substâncias que reduzem a síntese corporal de colesterol. Esta é, provavelmente, uma maneira não tão correta de explicar ao paciente os males que o excesso de colesterol pode causar ao corpo. Colesterol é um tipo de gordura e possui estrutura química única. O uso dos termos RUIM e BOM refere-se ao tipo de proteína que está transportando o colesterol, ou seja, se estamos falando do colesterol transportado pela LDL, usamos o termo ruim, pois essa favorece o acúmulo de colesterol no corpo e nas artérias. De modo contrário, se esse mesmo colesterol está sendo transportado pela HDL, chamamos de bom, pois essa lipoproteína trabalha removendo o excesso de colesterol do corpo, favorecendo sua excreção nas fezes. Verdade. O excesso de colesterol, chamado hipercolesterolemia, já é uma doença em si. Entretanto, seu constante nível elevado favorece o desenvolvimento da aterosclerose, que se caracteriza pela deposição e acúmulo de gorduras nas artérias e no aumento no risco de ocorrer eventos isquêmicos centrais e periféricos, como acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, doenças vasculares obstrutivas periféricas. Mito. Atualmente, sabemos que poucos alimentos aumentam o colesterol e aqui destacamos o papel negativo das gorduras trans e gorduras saturadas, muito mais do que o próprio colesterol presente em alguns alimentos. No Brasil, as frituras caseiras geralmente usam óleo de soja - o mais acessível à população, que é rico em gorduras poli-insaturadas e cujo efeito na hipercolesterolemia não é negativo. Ao nível industrial e nos fast foods, a gordura normalmente utilizada é a gordura vegetal hidrogenada – rica em gorduras trans, que devem ser evitadas em qualquer preparação culinária. Portanto, o tipo de preparo e origem da fritura vão determinar se essa vai ou não contribuir para elevar o colesterol, ou seja, nem toda fritura contribuirá para o aumento do colesterol. Sim. Embora haja alguns casos em que a medicação é indispensável, a maioria das dislipidemias é causada por um estilo de vida inadequado e, especificamente, sobre a dieta podemos afirmar que uma alimentação rica em alimentos naturais como frutas, legumes e vegetais, com preparações mais caseiras e opções com menos gorduras previnem a elevação do colesterol e são aliados indispensáveis ao tratamento do colesterol elevado. O uso diário de gorduras saudáveis, como as encontradas no azeite de oliva, óleos vegetais pouco processados e com baixo teor de gorduras saturadas, associado ao consumo de peixes ricos em Ômega-3 e baixo de carnes e aves gordurosas, faz parte de escolhas inteligentes visando à saúde cardiovascular atual e futura. Parcialmente verdade. Embora as hipercolesterolemias genéticas sejam uma realidade, elas atingem a minoria dos casos. Somente a avaliação clínica, o histórico familiar e testes genéticos podem definir esse diagnóstico. Para esses casos, o uso de fármacos é essencial, embora a dieta permaneça fazendo parte do manejo terapêuticos desses pacientes. Verdade. A atividade física regular, de 3 a 5 vezes na semana, e com duração mínima de 40-50 minutos, favorece o aumento da HDL, e com isso auxilia na redução do colesterol. Contribui para a redução do peso e melhora a resistência à insulina, favorecendo todo o metabolismo corporal de gorduras. Verdade. A hipercolesterolemia faz parte do grupo das chamadas "doenças silenciosas", que não causam nenhum sintoma. Se por um lado isso evita o sofrimento do paciente, por outro, dificulta seu tratamento; faz com que ele não tenha uma percepção de que melhorar a alimentação, praticar exercícios regulares e fazer o uso correto de medicamentos no modifiquem as chances de ter um infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular encefálico. Verdade. Todos os alimentos que contêm gorduras trans devem ser evitados, pois contribuem para aumentar o colesterol. Infelizmente, a atual rotulagem brasileira permite que alimentos que contêm menos de 1% de gorduras trans por porção declarem no rótulo que são zero trans, fato que não é verdadeiro. Portanto, para evitar erros, recomendamos, sempre, reduzir e, se possível, evitar alimentos industrializados gordurosos. Se cuide, fique atento! De acordo com dados do DataSUS, em 2017 ocorreram 358 mil mortes causadas por doenças do aparelho circulatório no Brasil. Significa dizer que um a cada três óbitos tem como causa problemas cardiovasculares. É um número alto e simboliza uma morte a cada 40 segundos proveniente de doenças que podem ser diagnosticadas e controladas. Somente a prevenção, com adoção de práticas saudáveis, o diagnóstico e o tratamento podem reverter essa situação Fonte Profa. Dra. Nágila Raquel Teixeira Damasceno - Diretora executiva do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Dr. José Francisco Kerr Saraiva - Presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) |
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