Estudo Indica Reduzir pela Metade o Tempo de Quimioterapia para Pacientes em Tratamento de Câncer Colorretal
 
Além de apresentar à comunidade científica novas drogas para combater com mais assertividade diferentes tipos de tumores, o Encontro Anual da ASCO também é responsável por revelar mudanças que alteram a prática clínica. Um exemplo disso foi a rediscussão de dados do estudo IDEA, que recomendou a redução pela metade no tempo de tratamento quimioterápico preventivo para pacientes com diagnóstico de câncer colorretal (estádio III) de baixo risco.

Até pouco tempo atrás o período considerado padrão para a aplicação de quimioterapia em pessoas operadas era de seis meses. O que deixava uma toxicidade significativa nos pacientes e que implicava na qualidade de vida, gerando a chamada neuropatia, caracterizada por dor e dificuldades para andar. Agora já há respaldo para que o tempo de tratamento seja reduzido para três meses no subgrupo de pacientes com risco baixo (T3 N1).

Outra novidade apresentada é a sugestão para realização de um controle menos intensivo desses pacientes, o que significa realizar menos exames de imagens em pacientes assintomáticos. A indicação é valorizar mais a consulta clínica, exames de sangue e os sintomas relatados pela pessoa e solicitar em casos selecionados nesse contexto.

Muitas vezes os pacientes esperam que os médicos voltem de um congresso como a ASCO com novidades relacionadas a novos medicamentos para combater a doença. No entanto, o que levamos de volta na bagagem nem sempre são tratamentos revolucionários, mas novas lições que mudam a nossa prática clínica. Às vezes, fazer menos significa fazer mais, onde a boa prática visa não somente uma medicina baseada em evidências como a colaboração para um sistema de saúde sustentável.

Sedentarismo e má alimentação

A ingestão de alimentos pobres em fibras e vitaminas e o sedentarismo também podem aumentar as chances do aparecimento da doença: falta de exercícios físicos, ingestão excessiva de carne vermelha, comida processada e ingestão de alimentos pobres em vitaminas e fibras, fatores estes que também contribuem para o sobrepeso e obesidade – uma epidemia global que atinge 1,9 bilhões de pessoas globalmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outro fator de risco para o surgimento do câncer é a obesidade, perdendo apenas para o tabagismo. Por isso, o incentivo à prática constante de exercícios físicos, dieta equilibrada que favoreça uma boa flora intestinal (a chamada microbiota), consumo moderado de bebidas alcoólicas e outras medidas simples como evitar o uso do tabaco, surgem não apenas como iniciativas essenciais para frear os índices aumentados do câncer, mas como uma maneira de promoção à qualidade de vida e bem-estar geral. Essas medidas contribuem também para a potencialização do processo de tratamento para pessoas diagnosticadas com a doença e outras condições como diabetes e hipertensão.

Essas medidas têm respaldo científicos de longa data, onde se confirmou o impacto em melhores resultados, colocando o paciente como participante ativo do processo de combate à doença.

Fonte
Dra. Aline Andrade - Oncologista do Grupo Oncoclínicas em Belo Horizonte