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No Rio de Janeiro, simpósio discute os desafios da ciência biomédica

 

Nos dias 21 e 22 de outubro, a Fiocruz recebeu mais de 25 cientistas dos dois países para esse evento que faz parte do calendário oficial do Ano da França no Brasil.

A Fiocruz, no Rio de Janeiro, foi sede de mais um evento científico do Ano da França no Brasil. A escolha desse lugar, nomeado em referência ao cientista Oswaldo Cruz, discípulo de Pasteur, para um simpósio que reúne alguns dos maiores especialistas de biomedicina dos dois países não foi por acaso. Foi isso que Paulo Gadelha, presidente da fundação, ressaltou na mesa de abertura, que aconteceu dia 21 de outubro: "Afinal, a Fiocruz sempre teve uma grande tradição de cooperação internacional, não apenas com a França, mas com cientistas do mundo inteiro. No mundo de hoje, é preciso analisar os principais desafios de saúde pública de forma global. E sobre esse assunto, a França e o Brasil já mostraram que podem tem um grande peso quando resolvem atuar junto. Um exemplo disso foi em 2006 quando os dois países se uniram para impulsionar a criação do UNITAID, que facilita o acesso a medicamentos para combater Aids, malária e tuberculose".

Os debates contaram com a presença de cientistas da Fiocruz, do Instituto Pasteur e das duas principais instituições públicas de pesquisa da França sobre o assunto, o Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica (Inserm) e o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS).

Entre eles, grandes nomes como Ioannis Theodorou (Inserm), que tem trabalhos em conjunto com Françoise Barré-Sinoussi, ganhadora do Nobel de Medicina, em 2008, pela descoberta do HIV. "Estou aqui para relatar os avanços para a luta contra AIDS na área genética. Preciso solicitar colaborações em países como o Brasil porque estamos procurando ver a reação do vírus com pacientes de diversas etnias, no mundo todo. O Brasil tem tanta diversidade que pode ser o contexto ideal para as nossas pesquisas", comenta ele.

Os cientistas também discutiram sobre estratégias para o combate de outras doenças, que constituem os maiores desafios de hoje: tuberculose, hanseníase, leptospirose, dengue, malária e, não poderia faltar, a nova gripe H1N1.

O simpósio também tinha como meta de avaliar a melhor forma de lidar com políticas governamentais de saúde. O que explica a presença de Reinaldo Nery Guimarães, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos no Ministério da Saúde. Ele relata: "muitos comentam a parceria estratégica entre a França e o Brasil se focando apenas no setor da defesa. Eu acredito que a pesquisa e a saúde também são fundamentais e eventos como esse podem nos ajudar a definir políticas em comum".

Patrice Laget, do Inserm, concorda que os dois países precisam intensificar suas parcerias: "Hoje em dia é praticamente impossível realizar pesquisas de qualidade sem colaborações internacionais. É por isso que a partir dessa relação bilateral privilegiada, a França e o Brasil também precisam se unir para desenvolver juntos novos acordos multilaterais, com muitos outros países".

Evelyne Jouvin-Marche, do Instituto das ciências biológicas do CNRS, está aproveitando a oportunidade para desenvolver novas parcerias: "Estou aqui para pegar o máximo de informações, mas também para fazer muitos contatos. Já colaboramos com alguns laboratórios brasileiros, mas eu gostaria de trabalhar com muitos outros".

Este simpósio não foi apenas um encontro fechado para cientistas. Também tem como objetivo encontrar soluções para implicar a população nos grandes desafios da saúde. "Admiro muito a capacidade do Brasil, principalmente através da Fiocruz, de criar vínculos entre a pesquisa científica e a área política e a sociedade civil. Precisamos compartilhar os avanços da ciência com o máximo de pessoas possível", opina Alice Dautry, diretora do instituto Pasteur. Valorizar as relações entre os países e apresentar para o maior público possível o que se faz de melhor em todas as áreas: esse é o espírito do Ano da França no Brasil.

Realização:
Governo Federal do Brasil e República Francesa

 
 
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