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Epidemia da Osteoporose no Brasil
 
1)O que é osteoporose?
A osteoporose é caracterizada por perda de massa óssea e deterioração do tecido ósseo, que provocam fraturas dolorosas em 50% dos casos. As mais comuns acontecem na coluna, no fêmur, costelas e punhos, que provocam incapacidade física. Uma em cada quatro mulheres, que sofrem fraturas no fêmur, podem morrer em um ano, por complicações motivadas por estas fraturas.

2) Quando se inicia o processo de perda óssea?
A perda óssea global começa por volta dos 40 anos de idade, tanto em homens como em mulheres. Em mulheres, à época da menopausa, ocorre uma aceleração da perda óssea a uma taxa duas vezes maior do que nos homens. Com o passar do tempo, as mulheres com osteoporose podem perder até metade de sua massa óssea. Estudos têm mostrado que mesmo uma perda de 10% da massa óssea na coluna pode dobrar o risco de fraturas na coluna (vertebrais), e uma perda de 10% no quadril aumenta em 2,5 vezes o risco de fratura no quadril.

3) Qual é a incidência da osteoporose?
A osteoporose aflige cerca de um terço das mulheres entre 60 e 70 anos de idade e dois terços daquelas com 80 anos ou mais. Em todo o mundo, aproximadamente 1,7 milhão de fraturas no quadril são atribuídas à osteoporose a cada ano. Estima-se que o número de fraturas no quadril, em conseqüência da osteoporose, irá aumentar de 1,7 milhão, em 1990, para 6,3 milhões por volta do ano 2050, em todo o mundo. Metade da mulheres com osteoporose terão fraturas e cerca de 25% das mulheres com fratura no fêmur morrem após um ano.
No Brasil, com base nos dados do IBGE, pode-se estimar que cerca de um milhão de mulheres poderão ficar inválidas e pelo menos 200 mil irão morrer, vítimas da osteoporose, nos próximos anos, se a doença não for combatida. Estas estimativas, colocam a osteoporose como uma das principais causas de morte na população feminina no país, ao lado do câncer.

4) Qual a posição da OMS frente a epidemia da osteoporose?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou recentemente a osteoporose como uma "Epidemia Inaceitável" e está convocando médicos, pacientes, Imprensa e governos a reconhecer a osteoporose como o segundo maior problema de saúde pública - depois das doenças do coração – e o que mais limita a qualidade de vida da mulher. Segundo a OMS, a osteoporose é uma doença negligenciada, mal diagnosticada, que afeta aproximadamente 200 milhões de mulheres no mundo.

5) Existem estudos realizados no Brasil sobre a doença?
No Brasil, a campanha da OMS está recebendo a colaboração de um estudo inédito, que procurou delinear o perfil da doença no país, avaliando o grau de fragilidade óssea da mulher brasileira acima de 45 anos de idade. Como resultado, o estudo constatou que 13,3% das mulheres brasileiras, nessa faixa de idade, apresentam fragilidade óssea que pode evoluir para fraturas. Em termos estatísticos, Isso significa mais de dois milhões de mulheres. Destas, cerca de um milhão deverão ficar inválidas e 200 mil deverão morrer se não receberem tratamento adequado. O estudo, divulgado agora, atingiu 32 mil mulheres em nove estados: Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal.
O Ceará apresentou o maior índice de fragilidade óssea: 16,71%. Menor índice foi registrado no Rio Grande do Sul, 11,08%. A campanha conta com o apoio do laboratório farmacêutico Merck Sharp & Dohme para a divulgação mundial.
Realizado durante a primeira Campanha Nacional de Prevenção da Osteoporose, o estudo teve a participação de quatro entidades científicas: Sociedade Brasileira de Osteoporose, Sociedade Brasileira do Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral, Sociedade Brasileira de Densitometria Óssea e Programa Nacional de Educação e Controle das Doenças Reumáticas.

6) Os resultados obtidos no estudo eram esperados?
Os resultados do estudo alertam para a necessidade de medidas preventivas e terapêuticas sem perda de tempo no Brasil. Nessa amostra populacional, não era esperada uma freqüência de perda de massa óssea da ordem de 13,3%, como foi demonstrado. Isso porque as mulheres estudadas pertencem a uma classe social privilegiada (freqüentadoras de shoppings centers), presumivelmente com bom nível de escolaridade e acesso a condições sanitárias e alimentares mais adequadas. Além disso, houve resultados inesperados, como a semelhança de dados entre o Sul e o Nordeste do Brasil, apesar das conhecidas diferenças étnicas, culturais e ambientais entre as regiões.
A campanha revelou ainda outros aspectos fundamentais para direcionar as atitudes a serem adotadas pelas autoridades de saúde pública e dos setores de pesquisa no controle da osteoporose. Estas informações iniciais são muito importantes porque representam o primeiro estudo de grandes dimensões e expressiva significância realizado no Brasil e, até o momento, o único na América do Sul, relacionado à epidemiologia clínica da osteoporose. Deve também estimular a realização de levantamentos regionais que possam responder aos achados ultra-sonométricos, até o momento intrigantes, nas diferentes regiões estudadas.

7) Qual é a principal arma para combater a epidemia da osteoporose?
A informação e o esclarecimento da mulher brasileira são as principais armas para combater a osteoporose enquanto epidemia. Somente na última década é que a osteoporose foi reconhecida como uma doença grave e passível de prevenção. Aproximadamente 85% das mulheres não acreditam estar em risco de desenvolver osteoporose. Entre as mulheres que sofrem da doença, 80% desconhecem seus fatores de risco antes do diagnóstico.

8) Como podemos prevenir a osteoporose?
É muito importante que as mulheres conheçam, não só os fatores que aumentam o risco de desenvolver a osteoporose, mas também as formas de preveni-la. Caso a mulher desconfie que corre esse risco, deve consultar um médico para uma avaliação e diagnóstico e, se necessário, receber orientação sobre o tratamento mais adequado ao seu caso.
O processo de enfraquecimento dos ossos atinge a todos a partir dos 45 anos de idade - na mulher ele se acentua após a menopausa. Determinadas condições da vida moderna, como o fumo, excesso de álcool e café, sedentarismo e escassez de cálcio na dieta, além de fatores étnicos e hereditários, podem aumentar esse risco. Por isso, algumas mudanças saudáveis, no estilo de vida, podem ser úteis para retardar a perda de massa óssea.

9) É verdade que o fumo favorece a osteoporose?
Sim, aliás a osteoporose é um excelente motivo para deixar de fumar, se a mulher ainda não foi convencida pelos argumentos de outras campanhas de saúde. O fumo acelera o ritmo de perda óssea, o que aumenta a probabilidade de desenvolvimento da osteoporose. O consumo exagerado e regular de bebidas alcoólicas e café também pode interferir com a capacidade que o corpo tem de manter os ossos normais e saudáveis.

10) O sedentarismo também é prejudicial? Porque?
Da mesma forma que os músculos, os ossos também precisam de certa quantidade de exercícios para permanecer fortes e saudáveis. Exercitar-se regularmente ajuda a evitar perda óssea e é bom também para o coração. Pessoas com estilo de vida sedentário, correm maior risco de ter osteoporose. Os especialistas afirmam que caminhar todos os dias, por exemplo, é ótimo para a saúde. Existem exercícios simples que podem ser feitos também por quem já tem osteoporose. No entanto, antes de iniciar qualquer programa de exercícios o paciente deve consultar um médico.

11) Qual é o papel da alimentação na prevenção da osteoporose?
Enriquecendo a alimentação com fontes naturais de cálcio a mulher estará dando um grande passo para prevenir a osteoporose. O leite e o iogurte, mesmo os desnatados são importantes fontes de cálcio. Da mesma forma que queijo, ovos, peixes, frutos do mar, e vegetais de folhas verdes e escuras como brócolis. Suplementos alimentares só devem ser consumidos, se forem indicados por um médico.

12) Quais os fatores de risco associados a osteoporose?
A menopausa é um dos fatores de risco importantes para a osteoporose. As alterações hormonais associadas à menopausa podem levar à perda óssea rápida. Nos primeiros cinco anos após a menopausa, as mulheres podem perder até 15% de sua massa óssea. Outros fatores de risco para a osteoporose incluem massa óssea baixa, histórico familiar de osteoporose, descendência branca ou asiática, constituição corpórea delgada ou pequena, tabagismo, uso excessivo de álcool, pouco exercício físico, ingestão inadequada de cálcio, uso de certas medicações, tais como tratamento corticosteróide a longo prazo e menopausa precoce (antes dos 45 anos de idade). Entretanto, uma mulher pode não apresentar nenhum desses fatores de risco e, mesmo assim, desenvolver osteoporose.

13) Quais os sintomas da osteoporose?
A osteoporose é chamada de “doença silenciosa” porque não apresenta sintomas em sua fase inicial, caracterizada por perda de massa óssea e deterioração do tecido ósseo. Normalmente a mulher só descobre que tem osteoporose depois de uma fratura. Em 50% dos casos a osteoporose provoca fraturas dolorosas. As mais comuns acontecem na coluna, no fêmur, costelas e punhos, que provocam incapacidade física. 25% das mulheres que sofrem fratura no fêmur podem morrer em um ano.
Os sintomas da osteoporose podem incluir dorsalgia (dor nas costas) inexplicada, perda de estatura, fraturas recorrentes ou fraturas resultantes de trauma mínimo. Uma vez que a perda óssea ocorre sem sintomas, a osteoporose freqüentemente passa despercebida durante muitos anos até que ocorram uma ou várias fraturas. A osteoporose pode causar fraturas vertebrais dolorosas e debilitantes, resultando em perda de estatura e postura encurvada.

14) Como é feito o diagnóstico da doença?
Testes rápidos, indolores, não-invasivos encontram-se disponíveis para avaliar a densidade mineral óssea (DMO). Estudos têm mostrado que a correlação entre risco de fratura óssea e DMO baixa é ainda mais forte do que a correlação entre níveis elevados de colesterol e doença arterial coronariana ou entre hipertensão e acidente vascular cerebral. Embora os raios-X convencionais possam detectar fraturas, eles não conseguem detectar de forma confiável a perda óssea até que, no mínimo, 30% da massa óssea total tenha sido perdida e a doença esteja em estágio bem avançado. Os testes de DMO constituem o único método preciso de avaliar o risco de futuras fraturas em uma pessoa. Mulheres que estejam preocupadas com seu risco de desenvolver osteoporose, devem conversar com seus médicos quanto a se um teste de DMO seria apropriado ao seu caso. As decisões terapêuticas devem ser baseadas na avaliação clínica, incluindo fatores de risco e DMO. A exemplo das medições para o controle do colesterol e da pressão arterial, o risco de fraturas constitui um fator que deve ser constantemente avaliado.

15) Como devemos tratar a osteoporose?
O principal objetivo do tratamento é a prevenção de fraturas – portanto, reduzir a incidência de quedas é particularmente importante. Devem também ser considerados: dieta balanceada, aplicação de exercícios de sustentação de peso, abstinência de fumo e uso moderado de álcool. Vários medicamentos podem reverter a perda óssea após a menopausa, destacando-se a classe dos bisfosfonatos, que impedem a reabsorção óssea acelerada que ocorre nas mulheres, principalmente após a menopausa. Também são muito usados a calcitonina, a terapia de reposição hormonal e os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs). Mas qualquer medicamento ou suplemento alimentar só deve ser tomado após orientação de um médico

16) A osteoporose é uma doença grave?
A osteoporose não é uma doença grave se for diagnosticada e tratada. E, mais importante, a osteoporose pode ser prevenida. Com o tratamento adequado, o paciente com osteoporose pode levar uma vida absolutamente normal. O diagnóstico é simples, indolor, e a doença tem tratamento eficaz.
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Autor
 
Prof. Dr. João Francisco Marques Neto
Médico, Prof Titular da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e da PUC - Campinas e Consultor do Ministério da Saúde

 
Os autores estão em ordem alfabética.
 
 

 
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