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Obesidade Mórbida Duplica no Brasil e Surgem Novas Técnicas para Tratar a Doença
 
Pela primeira vez, o Brasil sediou o mais importante evento internacional da especialidade, que discutiu os novos tratamentos para a doença que já atinge 1 milhão de brasileiros. A Cirurgia, que tem cobertura obrigatória de convênios e do SUS, resulta em perdas de peso de até 40%.

1) Quando foi realizado o VII Congresso da Federação Internacional da Cirurgia da Obesidade?
O VII Congresso da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade, que pela primeira foi realizado no país, aconteceu entre os dias 27 e 31/08 e colocou em evidência um dos assuntos mais preocupantes na área de saúde nacional: a obesidade mórbida, ou seja, a pessoa que aplicando a fórmula “peso dividido pela altura ao quadrado” tem como resultado um Índice de Massa Corporal (IMC) da ordem de 40.

2) No Brasil este problema já está preocupante?
No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB), já existem mais de 1 milhão de obesos mórbidos, número que duplicou na última década. “Além das novas tecnologias que fazem com que as pessoas poupem esforços físicos para executar tarefas banais do dia-a-dia, houve uma mudança comportamental muito grande na população, as pessoas comem de forma cada vez mais rápida, esquecendo de balancear os alimentos”, afirma o Prof. Dr. Arthur Garrido, presidente da SBCB e do Instituto Garrido, entidade que acumula uma das maiores experiências do mundo em cirurgia de obesidade, com 4 mil pacientes operados.

3)Como a obesidade mórbida ocorre na população?
Segundo levantamento nacional feito pelo Instituto, a obesidade mórbida predomina entre mulheres, que respondem por 60% dos casos. Em contrapartida, a gordura masculina, denominada andróide é mais perigosa pois costuma se concentrar na região do tronco e está associada a doenças mais sérias como diabetes, colesterol e problemas cardiovasculares.

Denominada ginecóide, a gordura feminina é menos nociva e costuma se alojar na região do quadril, provocando doenças como artrose, varizes, entre outras. “Todos estes problemas acabam tornando a obesidade cada vez mais acentuada, já que as pessoas têm dificuldades para fazer exercícios e até se locomover. Às vezes, a dificuldade é tamanha que a pessoa não consegue nem levantar da cama”, explica o cirurgião Luiz Vicente Berti.

4) Em que faixa etária ocorre a maior incidência da doença?
Embora a doença atinja, em sua maioria, pessoas entre 35 e 55 anos, há também casos de crianças, a partir de 12 anos, e de idosos, com 74 anos. “Tanto no caso de idosos quanto de crianças, há uma análise mais rigorosa sobre a viabilidade do procedimento cirúrgico, são casos mais complexos”, ressalta o Dr. Garrido.

5) A cirurgia apresenta muitos riscos?
O risco de complicações mais graves na cirurgia da obesidade gira em torno de menos de 1%. Em procedimentos normais, a cirurgia exige de 3 a 4 dias de internação, sendo que o índice de mortalidade está na faixa de 0,4%. “A cirurgia faz com que o paciente consiga atingir um equilíbrio de peso no prazo de 1 a 2 anos, proporcionando uma perda de peso de até 40%”, afirma o Dr. Berti.

6) Qual é o procedimento para cirurgia bariátrica?
Cirurgia reduz 98% do estômago - A evolução da cirurgia da obesidade deu-se a partir da década de 80 com o surgimento de novas técnicas e equipamentos nos Estados Unidos. No início das experiências, deixava-se funcionando 10% do estômago, o correspondente a 150 ml. Atualmente, deixa-se apenas 2% do órgão em funcionamento.

“O espaço restrito faz com que o paciente tenha uma sensação de saciedade com pouca alimentação, cerca de 200grs já são suficientes”, acrescenta o Dr. Berti. Outro fato relevante constatado pela SBCB é que a cirurgia pode ser revertida, sem ocasionar danos maiores para o paciente. “Já realizamos dois procedimentos de reversão e obtivemos êxito”, enfatiza o cirurgião.

7) Existe muita procura para este procedimento?
A procura por estes procedimentos se tornou muito mais acentuada desde o ano de 2000, período em que o Ministério da Saúde autorizou o Sistema Único de Saúde a realizar a cirurgia e também obrigou os planos de saúde a oferecerem cobertura. De lá para cá, surgiram 30 novos serviços desta especialidade no país. Mesmo assim, há uma análise rigorosa antes de se recomendar este tipo de cirurgia.

“Há pacientes que estão com alguns quilos a mais e buscam a cirurgia visando os aspectos estéticos e físicos. Esta hipótese está totalmente descartada, pois nenhuma cirurgia é perfeita, sem riscos ou incovenientes”, alerta o Dr. Garrido.

8) O que desencadeia a obesidade mórbida?
Não se sabe com precisão todos os motivos que levam à obesidade mórbida, mas certamente não é uma única causa. Existe o fator genético que faz o obeso ter um mecanismo mais econômico, ou seja, gaste menos energia para fazer as mesmas funções do que uma pessoa com metabolismo normal. Gastando menos, economiza mais energia e acumula gordura. Há também uma grande mudança comportamental registrada nas últimas décadas, que provocou um aumento explosivo da obesidade em nível mundial.

Os alimentos industrializados e ricos em açúcar vêm ganhando cada vez mais espaço, as pessoas comem de forma cada vez mais rápida e sem o “prazer” do convívio da refeição, novas tecnologias como controle remoto e telefone sem fio, por exemplo, eliminam a movimentação natural do dia-a-dia e representam 1kg a mais por ano, enfim, uma série de causas que favorecem o aumento excessivo de peso.

 

 
Autores
 
Dr. Luiz Vicente Berti
Cirurgião Bariátrico, Membro da IFSO, Cirurgião Titular e Co-diretor do Instituto Garrido da Cirurgia da Obesidade, Membro da Comissão Organizadora do 7º Congresso Mundial IFSO
Prof. Dr. Arthur Belarmino Garrido Jr

 
Os autores estão em ordem alfabética.
 
 

 
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