Afinal, protetor solar causa câncer?
 
Especialista explica os riscos das receitas naturais que substituem o filtro solar tradicional.

A poucos dias do verão, cresce a preocupação com os efeitos nocivos causados pela exposição solar. O câncer de pele tipo não melanoma é o mais frequente no Brasil, com uma estimativa de 165.580 novos casos em 2018. Enquanto a recomendação dos médicos é reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto, na prática a ideia de que o protetor solar causa câncer cresce cada vez mais entre os adeptos dos slow beauty, movimento que incentiva o uso de produtos naturais.

O rumor de que os protetores solares podem ser tóxicos surgiu após pesquisas alegarem que algumas substâncias presentes no produto, como oxibenzona, podem causar reações alérgicas e até mutações no DNA. Os resultados desses estudos ainda são controversos e que há outros levantamentos que mostram que o uso diário de protetor solar reduz o risco de câncer de pele. Já sabemos que mais de 70% da população brasileira não aplica o filtro solar diariamente. Parar de recomendar o seu uso sem pesquisas fundamentadas seria imprudente.

Com o intuito de trocar o protetor solar industrializado por uma opção mais natural, diversas receitas caseiras viralizaram nas redes sociais, mas a eficácia da maioria é duvidosa e pode até colocar a saúde em risco. Os óleos naturais ou a pasta d'água aparecem dentre as opções, porém, pela falta de testes é difícil alegar a capacidade de proteção desses produtos. A proteção solar dessas receitas é muito pequena e em alguns casos inexistente. A sugestão do especialista é buscar por opções que utilizam fórmulas que tenham certificação de qualidade.

Especialistas alertam para uma avaliação precoce.

Geralmente, os principais sintomas de câncer não melanoma são lesões cutâneas com crescimento rápido, com sangramento, ulcerações que não cicatrizam, que podem apresentar coceira e algumas vezes dor aparentes em áreas muito expostas ao sol como rosto, pescoço e braços. Pessoas com pele, cabelos e olhos claros têm o risco aumentado de desenvolver a doença. A idade constitui outro fator, principalmente a partir da quinta década de vida, pois quanto maior o tempo de exposição da pele ao Sol, mais envelhecida ela fica. Evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida – e isso vale desde a infância.

É preciso buscar aconselhamento médico especializado principalmente quando a mancha surge repentinamente, sem algum acontecimento relacionado que justifique.

Fonte
Dr. Felipe Ades -  médico oncologista na assistência a pacientes e desenvolvimento de protocolos de pesquisa no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Centro Paulista de Oncologia. Desenvolve também atividade de ensino de pós graduação no Hospital Alemão Oswaldo Cruz