Em Pernambuco, mais de 97% das localidades hiperendêmicas para esquistossomose não têm tratamento de esgoto
 
Para autores, condições de saneamento básico precárias contribuem para alta prevalência dessa doença

A esquistossomose é a segunda doença parasitária mais disseminada no mundo, atrás apenas da malária. Segundo pesquisadores da Universidade de Pernambuco e das secretarias estadual e municipal de saúde de Pernambuco e Recife, atualmente, há medidas preventivas e tratamento disponível, mas ela é considerada uma doença negligenciada por ser endêmica em populações de baixa renda. Em um artigo publicado ano passado na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, o grupo destaca que, em Pernambuco, as localidades hiperendêmicas, ou seja, que apresentam prevalências de esquistossomose acima de 10%, possuem condições de saneamento básico precárias que contribuem para a manutenção dessa estatística.

O grupo conta no artigo que analisou dados do “Relatório das condições de saneamento das localidades hiperendêmicas para a esquistossomose e geo-helmintíases em Pernambuco” elaborado pela Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde do estado de Pernambuco em 2012. Ao todo, foram investigadas 119 localidades, distribuídas em 30 municípios, sendo que Aliança, Vicência, Timbaúba, Bom Conselho e Ipojuca concentraram mais áreas hiperendêmicas.

O objetivo dos pesquisadores foi caracterizar essas localidades com alta prevalência de esquistossomose com relação às condições de saneamento, a fim de propor intervenções que possam melhorar o cenário.

Segundo o artigo “Condições de saneamento básico em áreas hiperendêmicas para esquistossomose no estado de Pernambuco em 2012”, das 119 localidades investigadas, 60,5% não possuíam nenhuma residência com água encanada por rede pública. Além disso, em 110 localidades (92,4%) não havia coleta de esgoto, enquanto em 116 (97,5%) o tratamento do esgoto era inexistente.

Para os autores, essas condições precárias de saneamento básico “possivelmente, contribuíram de forma determinante para a manutenção da hiperendemicidade da doença nessas áreas”. Eles destacam a “necessidade de implementação de normas infraconstitucionais, como também a sensibilização dos gestores municipais no sentido de priorizar as ações de controle da esquistossomose”.
 
Fonte
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)