Consenso Regional
 

Carta do II Fórum Nacional de Nutrição – Região Nordeste

O II Fórum Nacional de Nutrição, realizado em Recife, nos dias 29 e 30 de setembro de 2006, cujo tema central é “Definindo os rumos da Nutrição no Brasil”,

Considerando:
• O fenômeno da globalização e seus efeitos no cenário da transição epidemiológica e nutricional que mostra que 82% da população vive na zona urbana, 48,3% das mortes ocorrem por doenças crônicas não transmissíveis e que, segundo a POF (2002/2003) 12 a 30% da renda mensal são gastos com refeições fora do domicílio;
• Que o país vive hoje uma problemática relacionada a dupla carga de doenças, que correspondem às doenças infecciosas e às doenças crônicas não-transmissíveis;
• A responsabilidade governamental em promover a saúde e incorporar as sugestões da Estratégia Global da Organização Mundial de Saúde;
• A importância dos Alimentos funcionais fontes de fitoquímicos antioxidantes para manutenção da saúde humana;
• A importância da prevenção do Diabetes tipo 2;
• O aumento da população dos idosos que estão mais sujeitos a desnutrição protéica energética e a carência de vitaminas e minerais;
• O aumento do consumo de gorduras saturadas, trans e colesterol e a desproporção entre ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 e seus efeitos sobre a integridade das funções celulares de proteção inflamatória e imunológica;
• Os aspectos nutricionais e sensoriais, que necessitam ser resgatados como elementos essenciais para o controle de qualidade nas unidades produtoras de refeições, como estratégia de promoção da saúde;
• A importância do plano alimentar também no período de recuperação do atleta, que na maioria das vezes não valoriza muito este momento;
• Que órgãos nacionais e internacionais, representantes de entidades ligadas a saúde, recomendam mudanças no estilo de vida e a adoção de uma alimentação equilibrada para promoção da saúde;
• A fome oculta que, sem sintomatologia visível, interfere em várias etapas do processo metabólico, do sistema imunológico e da defesa antioxidante, comprometendo o desenvolvimento físico e mental do indivíduo, é decorrente da inadequação qualitativa e quantitativa da dieta da população brasileira;

Recomenda:
• A adoção dos guias alimentares, instrumentos oficiais do Ministério da Saúde, que definem as diretrizes alimentares para serem utilizadas na orientação de escolhas mais saudáveis de alimentos pela população brasileira em todas as faixas etárias;
• A promoção da alimentação saudável pelo governo, pela família, por empresas privadas e por profissionais, com ações centradas em trabalhos complementares de estados e municípios com base nas diretrizes do guia alimentar considerando aspectos culturais, sociais e econômicos relacionados à alimentação;
• A promoção de alimentação saudável nas escolas;
• Regulamentação do marketing e publicidade de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura, principalmente voltados para público infantil;
• Que mais estudos são necessários para melhor esclarecer a aplicação segura de substâncias funcionais para os profissionais da saúde, especialmente no tocante aos estudos de toxicidade;
• A atuação dos profissionais de nutrição orientando a modificação do estilo de vida, que pode diminuir em 58% o desenvolvimento do diabetes tipo 2, segundo estudos de Prevenção de Diabetes dos EUA;
• A elaboração de um Plano Alimentar saudável para os idosos, com escolhas inteligentes, diminuindo o consumo de gorduras e açúcares e aumentando o consumo de frutas, verduras, leite desnatado, grãos integrais entre outros;
• O consumo de óleos de sementes e grãos como fonte de ácidos graxos ômega-6 e óleo de linhaça e peixes como fonte de ácidos graxos ômega-3 nas proporções de 5:1 até 10:1;
• A adoção das recomendações da FAO/OMS (2003) para gorduras, carboidratos, fibras e sal, quais sejam: gordura total entre 15-30%, ácidos graxos saturados menor que 10%, ácidos graxos poliinsaturados entre 6-10%, ácidos graxos omega-6 entre 5-8%, ácidos graxos omega-3 entre 1-2%, ácidos graxos trans menor que 1%, ácidos graxos monoinsaturados maior que 20%, colesterol menor que 300 mg/dia, carboidratos 55-75%, açúcar menor que 10%, fibras maior que 25 g/dia, cloreto de sódio menor que 5g/dia e sódio menor que 2g/dia;
• A alimentação equilibrada e variada incluindo, diariamente, alimentos de todos os grupos na proporção correta para a garantia de fornecimento adequado de nutrientes e de substâncias com propriedades funcionais;
• Ampliar o conceito de qualidade nas unidades produtoras de refeições, criando estratégias e técnicas que visem à adoção de uma alimentação saudável, preservando os aspectos nutricionais e sensoriais, associando-os aos culturais e sociais;
• Que no momento da avaliação nutricional seja enfatizado a importância da recuperação para os períodos de treinos e competições subsequentes. E que o profissional saiba entender os sinais e sintomas do organismo de estresse muscular, fadiga e desidratação;
• A prática regular de exercícios físicos em todas as idades aliada a um plano alimentar adequado ao gasto calórico e uma avaliação criteriosa para a indicação ou não de suplementos nutricionais para esportista;
• O enfoque preventivo nas ações de nutrição, desde a infância, no sentido e evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis;
• Uma maior articulação de múltiplos setores, incluindo o governo, a comunidade científica, a indústria, a mídia e a sociedade civil organizada, para o sucesso de estratégias e programas que visem combater as deficiências nutricionais, de forma a subsidiar e otimizar recursos e ações no contexto de um programa de âmbito nacional.

Assina esta carta todos os participantes do II Fórum Nacional de Nutrição – Região Nordeste.

COMISSÃO CIENTÍFICA:
Prof. Dra Andrea Ramalho (UFRJ/RJ)
Dra Adriana Kobayashi (Equilibrium/SP)
Prof. Dra Ana Vládia Bandeira Moreira (UFRN/RN)
Prof. Dra Anete Araújo de Sousa (UFSC/SC)
Prof. Dra Conceição Chaves (UFPE/PE)
Prof. Dra Flávia Carvalho (UFPE/PE)
Prof. Dra Luisiana Lamour (Hospital Português Real Geriavida/PE)
Prof.Dra Rijane Maria de Barros dos Santos (Sec. da Saúde/PE)
Prof. Dra Roberta Costi (UPE/PE)
Prof Dra. Ruth Guilherme (UFPE/PE)
Dra. Sibele B. Agostini (Nutrição em Pauta/SP)
Prof. Dra Sônia Lucena (CONSEA/PE)